Não é impunemente que se usa o apelido Graham no mundo dos vinhos, e Johnny Graham sabê-lo-á melhor que ninguém. Talvez por isso, desde que, em 1981, fundou a Churchill Graham (o Churchill vem da mulher), a qualidade, prestígio e consistência dos seus vinhos não tem parado de crescer.
Primeiro com os Porto, um desafio homérico não só porque a marca de família tinha passado para o universo Symington em 1970 mas também porque era a primeira firma a estabelecer-se no sector em meio século. Depois com os vinhos do Douro, num movimento que acompanhou os pioneiros e com vinhos em crescente afirmação.
Tanto nos Porto como nos vinhos tranquilos, a marca Churchill’s é hoje sinónimo de consistência e qualidade, e os prémios e reconhecimento aí estão para o confirmar. A marca está hoje presente em duas dezenas de mercados e exportação, que absorvem cerca de 80% da produção.
Foi um percurso de afirmação paulatina, uma espécie de política de pequenos passos que começou com a exploração das categorias superiores de Porto, num estilo e carácter muito próprio. Johnny gosta de dizer que “é o estilo da casa, mais elegante, menos doce, que define a identidade e imagem da marca”, que vai de par com a juventude da Churchill’s, que se move num universo onde os concorrentes contam a actividade por séculos.
E ousou mesmo com a implantação de um Porto branco seco com 10 anos de idade, que é hoje uma das principais referências no sector. Com um LBV igualmente irreverente criaram a imagem que acabou por projectar a marca.
Veio depois a aquisição da Quinta da Gricha, em 1999, numa altura em que novos projectos agitavam o Douro. Com isso, a concretização da velha aspiração de controlo total da produção, da vinha à garrafa, e a entrada na produção de vinhos do Douro.
O sucesso e reconhecimento crescente dos vinhos levaram a que a área de vinha tenha sido duplicada até aos actuais cerca de 50 hectares. “Começámos pela vinha”, enfatiza Johnny Graham, para explicar que só depois do sucesso comercial com a produção a empresa avançou para um centro de provas em Gaia, em 2012, e projecta agora uma adega para a Gricha.
A propriedade está num dos territórios mais privilegiados do Cima Corgo, na margem esquerda do Douro, com vinhedos exclusivamente de letra A. Solos de xisto e vinhas viradas a norte, com altitudes que vão até aos 400m, proporcionando vinhos distintos e diferenciados a partir das diferentes exposições, castas e vinhas velhas.
E se até 2006 eram apenas engarrafadas duas categorias de vinhos do Douro, o Churchill’s Estates e o topo de gama Quinta da Gricha, a partir da colheita seguinte foi alargado o portefólio, com a introdução do Grande Reserva e de um varietal Touriga Nacional. O primeiro como expressão do terroir duriense, com vinhas velhas de diferentes propriedades e a arte do blend, tal como acontece com os Porto Vintage. No caso da Touriga, a ideia é oferecer ao mercado internacional um vinho que mostre o potencial da mais conhecida casta nacional.
A partir do início desta década surge também o Estates Branco, a comprovar que o Douro é também território de brancos. A moda mais recente impôs também um rosé, como não podia deixar de ser. A partir de Touriga Nacional da zona de São João da Pesqueira, cor rosada, muita delicadeza e acidez alta. Muito bom na colheita 2015, mas que Johnny diz ter um custo de produção alto e o mercado não valoriza. Custa à volta de 8€ e vale a pena provar.