Fugas - Vinhos

Nuno Oliveira

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Monte da Penha, vinhos autênticos

O primeiro Monte da Penha, em 1998, nasceu ainda na adega da Tapada do Chaves, semanas antes da decisão final de venda. Depois a família teve de deitar mãos à obra, construindo uma adega e criando uma marca autónoma. Ainda hoje tudo é caseiro no Monte da Penha, nascendo dentro de uma atmosfera onde domina o ambiente familiar. Todas as etapas e todos os pequenos detalhes são desenhados em casa, desde os rótulos à enologia, desde a distribuição à comercialização.

Acima de tudo, os vinhos são diferentes de tudo o que o Alentejo oferece, apresentando-se mais frescos, autênticos, vivos e rústicos que o costumeiro, mesmo para a região. São vinhos maioritariamente rústicos e revoltos, francos e espigados, rigorosos e focados numa fusão ditosa entre o tradicionalismo e o modernismo. Muito mais que vinhos de concurso ou de emoção fácil e simplicidade absoluta, são vinhos de tertúlia e discussão, vinhos de conversa viva à roda da mesa, vinhos mediterrânicos e de ligação com a mesa no sentido mais nobre da proposição.

Ao revés dos tais estereótipos a que poucos conseguem fugir, os vinhos do Monte da Penha melhoram com a idade, com o estágio em garrafa, com os ensinamentos do tempo. Uma condição simultaneamente estimulante e gratificante a que poucos conseguem aspirar. Apesar de a segmentação dos vários vinhos da casa nem sempre ser fácil de entender numa gama que se divide entre os rótulos Montefino, Monte da Penha Reserva Fino ou Monte da Penha Reserva, a verdade é que se percebe um fio condutor, um desígnio comum que é representado superiormente pelo belíssimo Monte da Penha Gerações, um vinho de carácter, alegria, tensão, dureza, frescura e dimensão que nos reconcilia com a vida.

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