Do Minho veio também o Alvarinho, uma casta com muito potencial no Douro, onde, sobretudo nas zonas mais baixas e quentes, há algum défice de acidez nos vinhos. É discutível que o Douro tenha muito a ganhar com a importação de variedades estranhas à região, por muito boas que elas sejam. De qualquer forma, as castas sempre viajaram por todo o lado e só se fixam num lugar se derem provas. A história do Alvarinho no Douro é muito recente, mas o caso do Poeira Branco, de Jorge Moreira, feito só com uvas de Alvarinho, provenientes da mesma vinha onde nascem os magníficos tintos desta marca (junto a Provesende, Sabrosa), pode ser inspirador. Lançado pela primeira vez em 2012, tem tido uma reacção muito entusiasta por parte da crítica nacional e internacional. A revista americana Wine Spectator considerou mesmo o Poeira 2014 (30 euros) como o melhor branco português desta colheita. Pode ser um exagero, mas o vinho é muito bom (embora, na nossa opinião, não tenha a expressão mineral e o mesmo nível do Alvarinho Parcela Única, de Anselmo Mendes, do Soalheiro Primeiras Vinhas ou do Regueiro Alvarinho Primitivo, por exemplo) e é, como disse um dia Jorge Moreira, “a prova de que mesmo nos locais de maior tradição vale a pena inovar e arriscar quando se acredita”.