Fugas - Vinhos

  • Daniel Rocha
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Quinta do Gradil, um pedaço do Novo Mundo no Oeste

Foi então que as replantações começaram, com castas nacionais e internacionais que, ao logo dos anos, ora foram crescendo, ora diminuindo – a Touriga Nacional, por exemplo, já esteve plantada em algumas zonas da quinta e teve de ser arrancada por falta de qualidade. A ideia de Luís era usar o seu potencial para alimentar o negócio do volume.

A marca Gradil foi por isso entregue à gestão da Quinta de Cabriz, da Global Wines, enquanto as instalações eram usadas na produção e armazenagem de vinhos que alimentavam o mercado nacional ou estrangeiro (principalmente o angolano) do bag in box. Até que, em 2009, tudo mudou. Luís Vieira não desistiu do volume e lançou o Mula Velha, vinho destinado às grandes superfícies, mas decidiu ao mesmo tempo deitar as mãos ao negócio dos vinhos de qualidade recuperando a marca Gradil. Se no primeiro caso a produção do Mula Velha supera o milhão de garrafas, os vinhos com a marca da quinta representam 100 mil garrafas, número que o empresário quer duplicar em dois anos.

Para esse efeito, Luís Vieira contratou Vera Moreira, enóloga com dez anos de experiência nos Vinhos Verdes e no Alentejo, manteve a colaboração de António Ventura e abriu portas ao viticultor Bruno Rogado – ainda mais recentemente abriu uma operação de enoturismo com a contratação de Bruno Gomes. O empresário estava disposto a abrir um novo capítulo no seu negócio e percebeu que “sem o controlo da produção é impossível chegar à qualidade. Demorei 15 anos a perceber isso”.

Mas se esta viragem era uma inovação numa tradição familiar que remonta a 1940, a experiência com o grande volume não era de forma alguma um óbice para a aposta na qualidade. “Começar pela excelência não é rentável”, diz o empresário.
Para já, o Gradil produz vinhos bem desenhados, simples, com boa relação qualidade/preço. De ano para ano, nota-se que são mais afinados e apelativos. Mas no futuro Luís Vieira, que hoje gere a marca Casa das Gaeiras, em Óbidos, quer ir mais além. Quer apostar ainda mais no enoturismo, reconstruindo o palácio onde viveu o marquês de Pombal que remonta a 1720. Quer dar músculo ao restaurante da Quinta – hoje já com um belo serviço e um menu original e bem conseguido. E quer chegar-se à primeira divisão dos vinhos de Lisboa. Para esse efeito, criou uma “adega gourmet” onde se fazem ensaios capazes de alavancar vinhos para outro patamar. Se em meia dúzia de anos o Gradil chegou aqui, não há razões para duvidar que possa ainda ir bem mais além.

Gradil Viosinho 2015

Pontuação: 86
Volume Alcoólico: 12.5%
Preço: 7€

Produzido com uma ligeira maceração peculiar, este vinho vale principalmente pela sua encantadora frescura. Aroma de polpa de maçã, notas de fruta seca, terra húmida, original e atraente. Bom volume de boca, acidez firme e marcante na fase final da prova, onde a qualidade da fruta se afirma num conjunto harmonioso. Muito interessante e gastronómico.

Gradil Sauvignon Blanc/Arinto 2015

Pontuação: 85
Volume Alcoólico: 13%
Preço: 6€

O novo lote deste vinho é dominado pela Sauvignon Blanc (60%), mas não são os atributos da casta que predominam no conjunto. Claro que exala notas de fruta tropical, com destaque para o maracujá, mas sem cair na vulgaridade que tantas vezes marcam estes aromas – há uma nota de espago na prova que lhe dá outra dimensão mais vegetal e menos frutada. De resto, este branco é um bom compromisso entre a tensão da Arinto e o volume e a fruta da Sauvignon.

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