Fugas - Vinhos

  • Lara Jacinto/NFactos
  • Lara Jacinto/NFactos
  • Lara Jacinto/NFactos
  • Lara Jacinto/NFactos
  • Lara Jacinto/NFactos

Continuação: página 2 de 2

Prova cega: a hora do Alicante Bouschet

Em termos gerais, o Alentejo foi a região que obteve melhores resultados – para lá da vitória do Rocim, conquistou a quarta posição com o Pousio. O Douro saiu mal na escolha do painel – um sexto e um décimo lugar. E o Dão, até agora dominador na prova dos tintos organizada pela FUGAS, não foi além de uma sétima e uma nona posição.

Mas para lá desta apreciação geral, vale a pena notar o desempenho dos vinhos na prova sem e com comida. Na primeira parte da prova, o Rocim e o Xavier Santana, um vinho produzido exclusivamente com a casta Castelão, foram os únicos que obtiveram mais de 600 pontos, ou seja uma média situada entre os 87 e os 88.5 pontos por provador. O Torreão da Alameda, do Dão, com assinatura do consagrado enólogo Carlos Lucas, registou a avaliação mais baixa (553 pontos). Depois, veio a prova com comida e aí mudou muita coisa.  

Esta edição da prova decorreu no restaurante Antiqvvm, do chefe Vitor Matos, no Porto. Para o almoço, o chef preparou uma entrada, um prato de peixe, outro de carne e uma sobremesa ajustadas à harmonização com vinhos tintos relativamente jovens. A entrada consistiu em ravioli de queijo da serra com manteiga de salva, trompetas de morte e folhas de capuchinha. O peixe foi representado por um bacalhau de cura portuguesa com grelos, pil-pil de línguas e presunto alentejano. A carne foi de veado com molho de vinho do Porto LBV, endívias, beterraba e tártaro de cogumelos com balsâmico – este prato, como o anterior, faz parte da nova carta do Antiqvvm. Finalmente, a sobremesa passou por um prato de pêra bêbada, chocolate, cereja, framboesa e balsâmico.

Face ao embate com a comida (elogiadíssima pelos membros do painel), registaram-se algumas boas surpresas. Uma vez que um dos membros do painel não pôde ficar para o almoço, concordou-se que se estabelecia uma média dos pontos atribuídos pelos outros membros para que a média final fosse susceptível de comparação. Assim, no final desta prova com comida, o vinho mais pontuado (622 pontos) foi o Bágeiras, como que a comprovar que os bairradinhos são vinhos difíceis de bater à mesa. Depois, o Fonte do Ouro, que tinha ficado mal classificado na primeira parte da prova, subiu para a segunda posição (609 pontos). E o Rocim conseguiu a terceira posição, um bom desempenho que ajudou a manter a liderança final.

Na harmonização, seis vinhos ficaram para lá da barreira dos 86 pontos (que representa a avaliação de ‘muito bom’). Na primeira parte, só dois o tinham conseguido. O que pode querer comprovar a tese de que, no geral, os vinhos portugueses estão cada vez mais gastronómicos. E, foi consensual, cada vez melhores. Numa gama na qual não entram os vinhos de topo de muitas marcas e ainda menos os vinhos estratosféricos, é possível fazer compras com uma excelente relação entre a qualidade e o preço.

--%>