Fugas - Vinhos

Paulo Pimenta

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A escolha certa

Mas há muitos outros vinhos que ostentam o predicado sempre desejado da excelente relação qualidade/preço. Se pensarmos em regiões, mais que em produtores, então o nome que prende a atenção será a Península de Setúbal, fruto de um grupo alargado de produtores que oferecem qualidade e consistência embrulhados em produções avantajadas e preços francamente acessíveis. Basta pensar em nomes como Ermelinda Freitas, Adega de Pegões, José Maria da Fonseca ou Bacalhôa. Estes quatro produtores não detêm o exclusivo destes atributos, mas são seguramente os representantes mais claros desta aposta da região.

Qualquer um destes quatro produtores apresenta vinhos de belíssimo recorte que entusiasmam pela bondade e apuro de execução. Qualidades que são verdadeiras para os vinhos brancos, rosados e tintos, mas que em determinados casos são extensíveis aos estrondosos Moscatel que a região produz. Nesse capítulo voltam a brilhar alto a José Maria da Fonseca e a Bacalhôa, recebendo a companhia da Casa Horácio Simões, que brilha igualmente nesta categoria.

Lisboa é outra das regiões que se vangloria dos preços baixos com qualidade elevada, em grande parte por mérito de produtores como a casa Santos Lima ou a DFJ de José Neiva. Talvez a associação seja menos imediata e muitos se esqueçam da região, mas Colares é uma das regiões históricas de Lisboa que prima pela excelência de preços associada a uma qualidade elevada e a um estilo invulgar que confere uma originalidade sem par aos vinhos desta região ímpar. Vale a pena perder tempo na perseguição de vinhos como os invulgares Arenae ou os impressionantes Viúva Gomes da Silva.

Convém ter em atenção que não são vinhos fáceis e que isso se percebe desde a primeira aproximação na total ausência de fruta, na salinidade e nas notas terrosas que estão omnipresentes. São vinhos que estão nos antípodas dos vinhos modernos, tecnológicos e formatados, antepondo carácter, autenticidade, franqueza e a sensação de serem fiéis ao local onde nascem. São vinhos de carácter forte e isso nem sempre é compreendido. O duriense Vallado é outra das celebridades deste capítulo, oferecendo a segurança de beber um vinho admirável a preços mais que comedidos.

Nestas matérias de vinhos acertados nos preços convém não esquecer os vinhos generosos, parágrafo onde Portugal ascende à excelência. As melhores escolhas são geralmente encontradas nos vinhos de 10 e 15 anos da Madeira, bem como nos Colheita. Nos Moscatel de Setúbal a escolha recai sobretudo nos 5 e 10 Anos que são vendidos a preços verdadeiramente modestos. No Vinho do Porto a escolha mais acertada costuma recair nos LBV, segmento em constante guerra de preços, e nos 10 Anos da maioria das casas.

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