Pedro Silva Reis fala do Memories como uma espécie de tesouro das Carvalhas, mas na realidade trata-se de um verdadeiro tesouro da região, do Douro. Impressiona pela intensidade, frescura e equilíbrio na boca. Desafiante a paleta de aromas e sabores que proporciona (iodo, colas, casca de laranja), com uma intensidade e frescura surpreendentes.
Um tesouro da natureza, tendo em conta a informação de que o último refrescamento (adição de vinhos novos) foi feito com um vinho com mais de um século (colheita de 1900), sendo feitas apenas correcções de aguardente a cada década para manter o nível de álcool. Fabuloso, sem dúvida!
Garrafa de cristal em caixa de pau-rosa
Para um vinho único e histórico, também uma embalagem única e distinta. Logo a começar pela garrafa, especialmente feita pela Atlantis, em cristal, por artesãos vidreiros que a moldam a sopro. Cada garrafa é uma peça de arte com uma rolha igualmente em cristal onde vai inscrita a data e colheita (1867). As garrafas são uma réplica das mais antigas da Real Companhia Velha e cuja identificação levam inscrita a ouro.
A caixa é também de produção artesanal, em pau-rosa e forrada a veludo. Com cada garrafa vai também uma espécie de documento e identidade do vinho. Um livrinho de capa dura, que remete para o alvará régio de criação da companhia, onde está um pouco da história da empresa deste vinho único. Todos são numerados e assinados pelo punho de Pedro Silva Reis.
Grandjó de 1925 e Granton 1958
A par das quintas, armazéns e história, é imenso o património de vinhos que acolhe a Real Companhia Velha. Seguramente um caso único do mundo, até porque se trata de uma organização sem paralelo, com os seus 260 anos de vida.
Como exemplo, dois vinhos absolutamente fantásticos que foram servidos durante o jantar que se seguiu à apresentação do Memories: um colheita tardia Grandjó de 1925 e um tinto Granton de 1958.
O primeiro é das coisas mais impressionantes do mundo do vinho, não só pela idade mas pela incrível limpeza de aromas e equilíbrio de boca. Tudo fresco, fino e voluptuoso, a mostrar que os extraordinários vinhos botritizados que desde 1905 fazem no planalto de Alijó são um caso único no mundo.
Igualmente extraordinário o tinto Granton da colheita de 1958, com concentração, elegância e vivacidade que quase parecia um vinho ainda em plena juventude. Uma marca que foi descontinuada mas que bem demostra a arte do blend que faz a grande diferença nos vinhos portugueses. Neste caso juntando vinhos do Douro e do Dão com uma mestria a que o tempo faz toda a justiça.