Tudo ao contrário, no entanto, já que é a partir do conhecimento profundo das características e comportamento das diversas castas que funciona a arte dos blend, mostrando ainda, por outro lado, estas acções que o Douro pode também competir, em muitos casos com evidente vantagem, no campeonato dos vinhos varietais que se implantou com os vinhos do Novo Mundo.
Ao IVDP juntou-se a Associação Portuguesa para a Diversidade da Videira (PORVID), organização que integra várias entidades públicas e privadas ligadas ao mundo do vinho com a finalidade de, precisamente, promover a diversidade e variabilidade das castas. Ou seja, uma casta não se resume a uma ou meia dúzia de clones, mas contempla antes uma variabilidade genética que se alarga às centenas ou milhares. E essa é que é a grande riqueza da vinha, principalmente num país de grande diversidade de castas, geográfica e geológica como Portugal.
As sessões, com base em provas comentadas, foram conduzidas por Bento Amaral (IVDP) e António Graça (PORVID), ambos com reconhecida experiência e autoridade na matéria, destacando as características típicas das diversas castas mas também a riqueza que representa a sua mistura e diversidade.
“Nos vinhos, tal como na música, a variabilidade é fonte de prazer e divertimento”, compara Bento Amaral, frisando que “as castas exprimem sabores diferentes e as suas uvas, quando transformadas em mosto, dão riqueza aos vinhos”. No Douro, essa riqueza pode até ser medida pela quantidade de castas autorizadas. De longe a maior do mundo, com 115 castas, quando Bordéus não passa de cerca de 20.
Uma riqueza e diversidade que é também um património de todo o país. Portugal tem 343 castas autorizadas (só a Itália tem mais), mas com a muito importante particularidade de cerca de 250 dessas castas serem exclusivas da vinha nacional.
No Douro, essa é uma riqueza que subsiste e nem o afunilamento recente em algumas conseguiu esconder. Tal como foi evidente nas quatro sessões que decorreram no IVDP onde foram provados e comentados vinhos das castas tintas tradicionais (Rufete, Tinta Francisca, Tinto Cão e Sousão), castas brancas tradicionais (Rabigato, Viosinho, Samarrinho e Códega de Larinho), da família Touriga (Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Touriga Fêmea e Mourisco), e ainda as estrangeiras do Douro (Gouveio, Moscatel Galego Branco, Bastardo e Tinta Roriz).
Todas as sessões esgotaram rapidamente, e fica a promessa de novas conversas em torno das castas e caminhos de futuro em torno deste património único do Douro.