Cada curraleta pode levar entre seis a dez videiras (muitas levam menos), que crescem sem qualquer aramação junto ao solo. São suportadas por tinchões, pequenos ramos de urze que evitam o contacto dos cachos com a terra pedregosa e proporcionam uma melhor incidência da luz solar. Alguns produtores produzem apenas algumas dezenas de quilos de uva, mas continuam, ano após ano, a tratar das suas curraletas. A sua devoção a esta cultura, praticada num ambiente hostil e sem retorno económico visível, é verdadeiramente emocionante. É ela que confere aos brancos dos Biscoitos uma dimensão que vai muito para além da faceta orgânica e química do vinho. Por trás de cada copo há muito heroismo e poesia — e é também por isso que estes brancos são tão especiais e formidáveis.
Os vinhos
Magma Verdelho 2015
A cor oxidada sugere um vinho já com muitos anos de idade (a desfolha foi excessiva e os cachos apanharam sol em demasia), mas é pura ilusão. A casta Verdelho presta-se a isto. No entanto,provando o vinho, percebe-se que é um vinho vivo e fresquíssimo. De aroma austero, também típico da casta, mostra na boca os dois lados do basalto: madureza (embora tenha só 12,5% de álcool) e frescura. A sua secura, salinidade e acidez são prodigiosas e deixam-nos a salivar. Este, sim, é um branco de terroir, tributário do mar e da lava. Foram feitas apenas 2500 garrafas.
Preço: 15€
Nota: 94
Muros de Magma Verdelho 2015
Tudo o que escrevemos para o Magma serve para o Muros de Magma. O vinho é o mesmo, mas, enquanto o Magma passou apenas pelo inox, o Muros de Magma fermentou e estagiou durante um ano em barricas usadas. Está, por isso, mais rico e gordo. Um grande vinho vinho. Foram cheias 1500 garrafas.
Preço:30€
Nota: 95