Fugas - Vinhos

Barry Huang/Reuters

China com cada vez mais peso no mundo do vinho

Por Pedro Garcias

A China possui a segunda maior área de vinha do mundo e já é o quinto maior produtor de vinho, mas isso faz do gigante asiático uma ameaça para os produtores europeus?

Por enquanto, ainda não. Pelo contrário: nos próximos anos, a China será um dos principais impulsionadores do consumo mundial de vinho, a par dos Estados Unidos, e até 2020 as suas importações de vinho deverão crescer cerca de 50%.

De acordo com um estudo da Vinexpo (a grande feira de vinhos francesa) e do International Wine&Spirit Research (IWSR), uma empresa de pesquisa sediada em Londres, a China deverá tornar-se no segundo mercado de vinho mais valioso do mundo até 2020 (logo a seguir aos Estados Unidos), ultrapassando a França e o Reino Unido. De um volume de negócios da ordem dos 15,5 biliões de dólares registado em 2016, a China poderá passar para 21,7 biliões de dólares em 2020.

A maior parte do vinho consumido na China é chinês (60%), cuja qualidade tem melhorado muito nos últimos anos. Mas a atracção por vinhos estrangeiros, franceses, acima de tudo, continua a ser muito forte. Para regiões como Bordéus ou Champanhe, a China é hoje um mercado vital.

Actualmente, os chineses são os maiores consumidores mundiais de bebidas espirituosas (vodka, uísque e, acima de tudo, Baijiu, o mais famoso destilado da China que pode ser feito de sorgo, arroz, trigo ou cevada). Porém, no ranking mundial do consumo per capita de vinho estão apenas no 36º lugar, com 1,34 litros por habitante. Em 2020, esse valor deverá chegar aos 1,53 litros por habitante. É um aumento aparentemente pouco significativo, mas, face ao gigantismo da população chinesa, corresponde a muitos milhões de litros. O segmento que mais deverá crescer é o dos vinhos não espumosos, com um aumento esperado da ordem dos 80 por cento (de 52,7 milhões de caixas para 94 milhões). Nos vinhos espumosos, também se prevê um crescimento forte, de cerca de 43 por cento.

No sentido inverso, a Europa continuará a reduzir o consumo de vinho (menos 33,9 milhões de caixas em 2020, de acordo com o mesmo estudo), sem, no entanto, perder a hegemonia. A boa notícia é que bebemos menos mas melhor.

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