Logo no primeiro ano, José Carranca começou a afixar cartazes com a imagem de uma placa onde se lia Licor Beirão e em baixo “Carranca Redondo”. A campanha abrangeu estradas e cafés de norte a sul do País e, daí para a frente, seguiram-se uma série de outras acções que na altura tiveram um enorme alcance e hoje merecem ser redescobertas – pode vê-las na fotogaleria em cima. As imagens do célebre primeiro cartaz foram alteradas mais tarde, sendo as palavras originais substituídas pelo slogan que a marca adoptou em 1960, “O licor de Portugal”.
O caminho de José Carranca foi de persistência – afixava cartazes com as próprias mãos, um escadote e um balde de cola, batia à porta de todos e aproveitava as viagens em família para cumprimentar donos de cafés –, e de um misto de inovação e provocação. Os business mans de hoje chamar-lhe-iam um hustler e os marketeers um génio. Em 1951, decidiu arriscar lançar um cartaz de uma pin-up girl com um top e uns calções curtos. No País conservador que Portugal era na altura, foi bastante polémico e “teve de ser retirado de muitas paredes”, recorda o filho.
José Carranca não ficou por aí: criou centenas de autocolantes com frases como “não se esqueça de apertar as calças” para as casas de banho de homem dos cafés e “feche a porta com cuidado” para os táxis; patrocinou uma equipa de ciclismo; distribuiu os mais variados objectos com a marca Licor Beirão, desde réguas a porta-guardanapos; foi pioneiro ao utilizar tinta reflectora nos cartazes de estrada e até montou uma serigrafia própria. Claro que à luz de hoje são práticas comuns, mas na altura eram ideias revolucionárias.
Das campanhas mais recentes, lembrar-se-á possivelmente dos anúncios que começaram a passar na televisão em 2000, em que um protagonista (Manuel João Vieira ou José Diogo Quintela) percorria os cafés de Portugal para confirmar se o Licor Beirão estava de facto em todo o lado – “mas afinal, o que é que se bebe aqui”, perguntavam.