Fugas - Vinhos

  • O Beirão d'Honra celebra o centenário de José Carranca Redondo
    O Beirão d'Honra celebra o centenário de José Carranca Redondo
  • Primeiro cartaz Licor Beirão
    Primeiro cartaz Licor Beirão
  • Cartaz com uma
    Cartaz com uma "pin-up girl", lançado em 1951
  • Um autocolante que era distribuído para as casas de banho de homem
    Um autocolante que era distribuído para as casas de banho de homem
  • Um autocolante que era distribuído para os táxis
    Um autocolante que era distribuído para os táxis
  • Réguas de madeira com a marca Licor Beirão
    Réguas de madeira com a marca Licor Beirão
  • Porta-guardanapos com a marca Licor Beirão
    Porta-guardanapos com a marca Licor Beirão
  • Porta-guardanapos com a marca Licor Beirão
    Porta-guardanapos com a marca Licor Beirão
  • O Licor Beirão era anunciante da RTP
    O Licor Beirão era anunciante da RTP

Mas, afinal, o que é que se bebe aos 100 anos?

Por Catarina Lamelas Moura

O "pai" do licor Beirão teria comemorado o seu centenário a 29 de Abril de 2016. Depois de um ano de celebrações, a marca lança agora o seu primeiro licor diferente do original. Chama-se Beirão d’Honra e está disponível a partir deste sábado.

A receita é a mesma desde sempre. Já era assim antes de José Carranca Redondo – o homem cujo centenário se celebrou no ano passado – comprar a pequena fábrica que produzia Licor Beirão, em 1940. O Beirão d’Honra é, portanto, o primeiro que desvia da fórmula original.

A nova receita é semelhante à antiga – utiliza as mesmas especiarias e plantas aromáticas –, e a grande novidade é que leva aguardente vínica envelhecida, em vez de álcool agrícola, durante a maceração dos ingredientes. Apesar de ter um aroma e complexidade diferentes, o sabor é familiar para quem esteja habituado ao licor original. O Beirão d’Honra é uma edição limitada de 25 mil garrafas com estojo (20 euros) e a data de lançamento coincide com a do nascimento de José Carranca, já este sábado, 29 de Abril. Vem encerrar o ano de celebrações dos 100 anos que este teria feito em Abril de 2016.

Dependo do sucesso desta primeira edição, o Beirão d’Honra poderá, no futuro, vir a fazer parte do da gama de produtos da marca – que até agora, aparte de garrafa em miniatura e produtos de merchandise, só teve um único Licor Beirão. Para já, estará disponível numa selecção de lojas e algumas superfícies comerciais – no Continente, por exemplo.

“Tentámos uma série de fórmulas e chegámos a esta, que honra o meu avô”, conta Daniel Redondo, neto de José Carranca e director-geral. A empresa permanece familiar. Trabalham hoje lá (na zona da Lousã) o outro neto, Ricardo Redondo, e o filho e actual presidente, José Fernandes de Oliveira Redondo. Também o fabrico do licor, sendo massificado – com capacidade diária máxima de entre 25 mil e 30 mil garrafas –, mantém alguns dos métodos mais tradicionais, inclusive os alambiques originais e o uso de especiarias, ao invés de aromas artificias.

O Licor Beirão afirmou-se desde a primeira metade do século XX como líder de mercado e hoje tem uma produção anual que varia entre 3,3 milhões e 3,5 milhões de garrafas – números que se traduzem em vendas na ordem dos 14 milhões de euros. Não fosse pela mente visionária de José Carranca Redondo, provavelmente não teria merecido o estatuto (autoproclamado) de “Licor de Portugal”. Numa altura em que pouco de investia em marketing e publicidade, José Carranca lançava campanhas nacionais com um alcance alargado e apostava em ideias inusitadas e acções provocadoras.

Vendedor nato e marketeer pioneiro

Calhou ser um licor, mas José Carranca Redondo poderia ter vendido qualquer coisa. Na escola, comprava produtos em volume para depois vender aos colegas, fazendo lucro. Importou e distribuiu relógios suíços e vendeu máquinas de escrever – até a empresa americana para a qual trabalhava, Remington, ser forçada a produzir armamento de guerra, em 1940.

Por essa altura, estava à beira da falência na Lousã uma pequena fábrica de licores. À sua futura esposa disse “Maria, se casares comigo, eu compro a fábrica e vamos para lá os dois trabalhar”, conta Daniel Redondo. Ela aceitou e o negócio fez-se.

“A galinha quando põe o ovo a primeira coisa que faz é cacarejar”, diz José Redondo, lembrando as palavras do pai. Ou seja, não fazia qualquer sentido ter um produto e não o divulgar. Ainda hoje, grande parte do armazém da Licor Beirão, na Quinta do Meiral – adquirida em 1970 –, é material promocional e desde cedo que a empresa apostou fortemente em campanhas de marketing e publicidade.

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