Fugas - Vinhos

Daniel Rocha

Geadas de Abril queimaram dezenas de milhares de hectares de vinhas na Europa

Por Pedro Garcias

Em alguns países da Europa, Portugal incluído, a vindima deste ano já está seriamente comprometida.

As fortes geadas que caíram nos últimos dias de Abril queimaram dezenas de milhares de hectares de vinhas. Mesmo que as videiras recuperem — e a maioria recupera —, os cachos atingidos já não vão produzir.

Mais de 70% das vinhas de Saint-Emillion, Lalande de Pomerol e Castillon, na região de Bordéus, foram afectadas. Nos conhecidos Chateau Angélus e Cheval Blanc, os prejuízos são avultados. Na noite de maior impacto, de 26 para 27 de Abril, as temperaturas chegaram a descer aos 4 graus negativos, um fenómeno raro. A última grande geada negra tinha acontecido em 1991.

Languedoc e Vale do Loire foram outras das regiões francesas mais atingidas. Nesta última, a quebra esperada na produção é da ordem dos 30%. Alguns viticultores chegaram mesmo a alugar helicópteros para diminuir os efeitos da geada. Na Alsácia, as vinhas de Gewurztraminer, uma das castas mais precoces, foram devastadas.

As temperaturas negativas de Abril afectaram também outros países europeus, como a Suíça, a Alemanha e a Espanha. Aqui, nas zonas mais a norte, como Toro, Bierzo e Galiza, os prejuízos são muito elevados. No Bierzo, a geada atingiu cerca de 90% das vinhas. Muitos produtores estão já a podar as vinhas, para tentar salvar as videiras. Mais a sul, na região de La Mancha, uma das mais produtivas do mundo, é esperada igualmente uma elevada quebra de produção, o que irá afectar não só o preço dos vinhos a granel como o preço da aguardente vínica em toda a Europa.

No caso do Douro, este efeito colateral poderá ter mais impacto (por causa da aguardente usada no vinho do Porto) do que a própria geada. As zonas mais altas e planas desta região também foram afectadas, mas os prejuízos não são muito significativos. Noutras regiões do país, como Trás-os-Montes e o Alentejo, o impacto da geada terá sido maior. No Alentejo, a sub-região da Vidigueira foi uma das mais atingidas. Em Trás-os-Montes, a geada fez grandes estragos no concelho de Chaves e em zonas mais localizadas de Valpaços e do Planalto Mirandês. Questionado pela Fugas, o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Frederico Falcão, disse não ter ainda ideia da real dimensão dos prejuízos.

 

 

 

 

 

 

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