Fugas - Vinhos

Martin Henrik

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Revistas, feiras e misérias

Não é um drama, é apenas algo triste. Não é um drama porque devemos relativizar o peso da Revista de Vinhos e de todas as outras revistas e jornais que escrevem sobre vinhos, PÚBLICO incluído. A opinião dos críticos pode ser importante, mas é apenas isso: uma opinião. A palavra decisiva pertence sempre ao consumidor. Muitos produtores sofrem desnecessariamente por esquecer esta verdade. Fazer vinhos em função da opinião dos críticos — ou investir em publicidade só para obter a simpatia de quem escreve — é, quase sempre, meio caminho andado para a desgraça. Nunca fez mal a ninguém pensar pela própria cabeça.

Dramático é as publicações de vinhos em Portugal viverem cada vez mais de feiras e de outros eventos — por necessidade, na maioria dos casos. Para quem vende vinho, as feiras são importantes, apesar de caras, pelo menos as principais. Mas, quando estas são organizadas pelas mesmas revistas que classificam os vinhos e atribuem prémios, entra-se num caminho perigoso: as revistas perdem alguma independência editorial, por mais sérios que sejam os seus redactores, e os produtores sentem-se quase “obrigados” a participar, com receio de que a sua ausência possa vir a prejudicá-los. E isto é válido para toda a imprensa.

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