Fugas - Vinhos

Carla Carvalho Tomás

O grande sucesso da primeira Douro Week

Por Pedro Garcias (crónica)

Na semana passada, o Douro converteu-se no centro do vinho em Portugal. Durante sete dias, a primeira Douro Week levou até à região milhares de visitantes e cerca de uma centena de importadores e jornalistas de todo o mundo. “Um enorme sucesso”, resumia, eufórico, o presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), Manuel Cabral.

Todas as grandes regiões vitícolas do mundo organizam anualmente eventos de promoção global. São famosas as provas en primeur de Bordéus ou a semana de provas em Champanhe, por exemplo. No caso do Douro, apesar da sua história secular e da imponência da paisagem, classificada como Património Mundial, não existia nada semelhante. Umas pequenas feiras concelhias e o Porto Wine Day, que o IVDP organiza em Gaia, a 100 quilómetros da região de onde saem os vinhos, era tudo o que havia.

Desta vez foi diferente. Da Régua a Vila Nova de Foz Côa, quintas renomadas e produtores menos conhecidos estiveram de portas abertas para mostrar e vender os seus vinhos. As grandes casas de vinho do Porto, cientes de que o futuro do sector passa pelo incremento das categorias especiais e não pelo vinho barato, não pouparam a gastos para receber os seus clientes num ambiente de luxo e sofisticação. A Taylor’s, por exemplo, realizou na Quinta da Roêda, junto ao Pinhão, uma monumental prova dos seus melhores vintage dos últimos dois séculos para 40 convidados de todo o mundo, muitos deles CEO de grandes empresas. Alguns dos convidados vieram em avião privado. Na vizinha Quinta do Bonfim, a família Symington conseguiu reunir 20 das personalidades asiáticas mais influentes na área do vinho para uma prova de cinco Tawny velhíssimos (o mais novo é de 1920 e o mais antigo de 1882). Estes cinco vinhos vão ser comercializados num único e exclusivo estojo ao preço de 40 mil euros cada.

Um pouco mais acima, na Quinta do Noval, dez dos melhores somelliers franceses puderam provar todos os Porto Vintage Nacional, incluindo o lendário 1963 (custa mais de cinco mil euros). Noutro registo, a Sogrape levou cerca de três dezenas de convidados, nacionais e estrangeiros, num passeio de barco pelo Douro. A viagem terminou com uma prova vertical de Barca Velha, na Quinta da Leda (Almendra, Vila Nova de Foz Côa), onde é feito o mais famoso vinho tinto português.

A Douro Week estimulou também o aparecimento de novos grupos informais, que aproveitaram o evento para se promover em conjunto. Em Vila Nova de Foz Côa, por exemplo, os “Produtores da Última Fronteira” (Duorum, Quinta da Leda, Palato, Monte Xisto, Duas Quintas, Grandes Quintas, Quinta da Touriga Chã, entre outros) fizeram do belíssimo Museu do Côa a sua sala de provas. Em Favaios, a “Tradição Moscatel”, que agrupa um conjunto de produtores de vinhos doces e secos daquela casta, associaram-se às padarias locais para, entre umas fatias do famoso bolo de carne, darem a provar as suas melhores colheitas. E, na Régua, a “Geração Fresh”, formada por diversos produtores do Baixo-Corgo, instalou-se na estação da CP, para mostrar o enorme potencial dos vinhos desta sub-região, a menos árida do Douro.

Era tão bom, não era?

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