Que diferenças notou nos vinhos provados em relação ao último guia, publicado em 2015?
As diferenças que posso apontar são sempre resultado das minhas provas e há uma imensidão de vinhos que não são enviados para prova, por opção do produtor. Por isso nada de conclusões apressadas. Acho significativa a qualidade dos vinhos baratos (até 4€). E acho muito significativa a qualidade dos vinhos entre 4€ e 10€, uma gama de preços onde se conseguem provar vinhos de excelente qualidade. Bem menos interessante é a proliferação de vinhos verdes com açúcar residual, um exagero. É claro que me vão dizer que é o que o mercado quer, mas isso não me dá menos razão. Se os vinhos podem ser bons sem açúcar, para quê estragar o produto? Quem quer Verdes com doçura, há décadas que sabe quais são as marcas — da Aveleda ao Gazela e ao Gatão. Quando são os pequenos produtores a alinhar nisto é que é muito negativo.
Qual o segmento em que notou mais progressos?
Estamos a progredir claramente nos rosés, cada vez mais bem feitos e com menos álcool. Estamos bem nos espumantes, com bons produtores de Norte a Sul e até no Alentejo. Estamos a progredir nos tintos menos extraídos, com menos álcool e menos barrica. Depois, claro, há o lado oposto, com os tintos da Niepoort, todos sem cor e com pouco álcool. A virtude, mais uma vez, é capaz de andar ali pelo meio. Mas há produtores que ainda não perceberam que os ventos da moda sopram noutra direcção e insistem em tintos que são cansativos e muito pouco agradáveis de beber
Qual a região que mais o surpreendeu?
Não sei se houve alguma especialmente em destaque. Salvo um ou outro novo produtor com bons produtos que são novidade, diria que os bons são os mesmos nas várias regiões.