Fugas - Vinhos

  • Nelson Garrido
  • Manuel Roberto
  • Nelson Garrido

Continuação: página 2 de 3

Os Baga Friends são muito diferentes entre si e ainda bem

Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2015

Da Quinta das Bágeiras podíamos eleger o novo espumante rosé, feito de Baga, de 2011, com curtimenta em lagar, um vinho complexo que exige mesa, ou alguns dos seus fabulosos tintos garrafeira. Mas o também novo Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2015 é um vinho de outro nível e que merece ser conhecido, até porque é o primeiro branco da casa com origem numa vinha de solo calcário. Lote de Bical e Maria Gomes, é um branco maduro, gordo e rugoso, de grande complexidade e em que a calidez fosforada do calcário, bem sopesada pela frescura bairradina, acrescenta aos aromas frutados uma outra dimensão sensorial. Um branco para beber de joelhos daqui a alguns anos.

Vacariça Baga 2012

Quem provar agora o Quinta da Vacariça 2008, o primeiro Baga de François Chasans, vai perceber de que massa são feitos estes vinhos. Já tem nove anos, mas parece ter dois ou três, tal é a sua rusticidade tânica. São vinhos para comer e durar uma eternidade. O 2011 Tonel 23 segue na mesma linha do 2008. Mas, em 2012, Chasans fez algo completamente diferente, porque as uvas (criadas no modo biodinâmico) assim o obrigaram. O produtor achou que o vinho não tinha estrutura para ser Quinta da Vacariça, daí ser só Vacariça, e é o mais elegante e fresco de todos os tintos que já fez. Pode não ter o poder do 2008 ou do 2011 Tonel 23, mas, nesta fase, é o mais exaltante de todos, pela sua extraordinária frescura e elegância.

Luís Pato Vinhas Velhas Branco 1995

Um dia, a Bairrada vai ter que fazer uma grande homenagem a Luís Pato, apesar de, pelo seu feitio um pouco difícil, não ser uma personalidade consensual. Poucos fizeram tanto pela imagem dos vinhos da região como ele nos últimos 30 anos. Os seus tintos Pé Franco Quinta do Ribeiro, Vinha Barrosa e Vinha Pan são do melhor que se faz na Bairrada e no país. Mas alguns dos seus brancos também são antológicos. E alguns já provaram ter uma vida longa, como é o caso do Luís Pato Vinhas Velhas 1995 (Bical, Maria Gomes e Cerceal). Já revela bastante evolução, mas é uma evolução boa, complexa, dominada por notas mais químicas, mais subtis, que sobrevivem à volatização dos aromas. É um vinho que parece ganhar vida no copo, alimentado por uma acidez vibrante que vivifica todo o conjunto. Excelente. 

Buçaco Tinto Reservado 1983

O Hotel Palace do Buçaco funciona desde 1907 como hotel de luxo e também como adega de um dos vinhos portugueses mais originais e cobiçados. Nas caves do hotel e de mais alguns edifícios repousam hoje cerca de 200 mil garrafas, entre tintos (cerca de 120 mil) e brancos (80 mil) feitos com uvas da Bairrada e do Dão. No jantar comemorativo do centenário dos hotéis Alexandre Almeida que se realizou no passado dia 31 de Agosto no Buçaco provaram-se alguns vinhos dessa imensa colecção. Não os mais antigos, que remontam à década de 40 do século passado, mas, ainda assim, um já com 34 anos, o Buçaco Tinto Reservado 1983. “Reservado” porque era um vinho reservado para o hotel. Há Buçaco melhores, mas não deixa de ser um grande tinto, ainda cheio de frescura e de vida pela frente.

--%>