Originalmente publicada em álbum em França no ano de 1987, com uma tiragem de 1,7 milhões de álbuns, a aventura As 1001 Horas de Astérix leva os gauleses a uma curiosa jornada.
Em viagem até à longínqua Índia, Astérix e Obélix visitam lugares que já tinham sido, no passado, objecto das suas incursões, a começar por Roma, onde o seu caminho se cruza com o de César.
Segue-se Atenas, onde voltam à mesma hospedaria Fecarabos, que tinham visitado por ocasião da participação nos Jogos Olímpicos (Astérix nos Jogos Olímpicos).
O momento seguinte é sobrevoar Tiro (A Odisseia de Astérix), o que dá a Uderzo a oportunidade para construir um gag de belo efeito – o único a não achar piada à situação é Obélix, atingido por uma flecha que atravessa o tapete voador em que se deslocava com o amigo…
O enredo desta aventura oriental revela uma faceta surpreendente de Uderzo. Bom conhecedor da mitologia greco-romana, dá agora provas da mesma erudição relativamente ao universo religioso hindu, com os seus 30 milhões de deuses.
O desenhador e argumentista aproveita também para dar testemunho em As 1001 Horas de Astérix da amizade entre Goscinny e Jean Tabary, o criador do inefável Iznogoud, parafraseando uma famosa tirada daquela série, ao aludir ao “ignóbil” que queria ser rajá no lugar do rajá…
A história é uma sucessão de clichés alusivos ao universo cultural do Oriente, de tapetes voadores a encantadores de serpentes, passando por tigres reais e elefantes domesticados.
Além disso, Uderzo não se poupou a criar cenários magníficos (de Roma a Atenas e aos soberbos palácios da arquitectura oriental) que fazem desta história uma das mais bem conseguidas a solo.