À entrada, quatro vasos gigantes ainda esperavam, em meados de Abril, pelas oliveiras que completariam um lobby marcado por transparências. Por isso, é logo à chegada que se compreende esta espécie de declaração de amor à natureza que se prolonga até onde a vista alcança.
Assim que se põe um pé neste hotel, junto à Praia da Falésia, Albufeira, no Barlavento algarvio, os olhos ficam postos no mar que, ao longe, desenha o horizonte. O vidro, a forrar toda a lateral Sul, do chão ao tecto, forma uma espécie de tela na qual o verde das copas das árvores, o avermelhado da falésia e o azul do mar se misturam numa imagem que se repete por quase todas as áreas da unidade.
Por tudo isto, "encaixar" talvez seja o melhor verbo a usar quando se tem de descrever a forma como o grupo SANA se apropriou destes oito hectares. Não é que o novo Epic Algarve, a primeira aventura deste grupo no mundo dos resorts, passe despercebido para quem chega por terra: um imponente, e extenso, muro em xisto marca logo a diferença de tudo o que se vê à volta. Mas é difícil, da estrada, compreender toda a sua dimensão. Já do mar, garante-nos quem já o tentou avistar, não é fácil distingui-lo.
A verdade é que nada foi descurado, como se constata pelas explicações do arquitecto responsável pelo projecto, Nuno Leónidas. A começar pelo aproveitamento do declive do terreno pelo qual a unidade parece espalhar os seus tentáculos qual polvo: há um centro de congressos num edifício autónomo de dois pisos e com perto de 1850m2 os quais se podem dividir até oito salas; o hotel principal, com 162 quartos - 86 twin, 74 duplos e duas suites de 70m2 -, mas também, um pouco afastado, um aparthotel com 43 apartamentos entre os 38m2 e os 79m2 (todos com kitchenette equipada e zona de estar independente). Do lado oposto, duas dúzias de resort suites, i.e., pequenas moradias, com um ou dois pisos e áreas que variam entre os 73m2 e os 175m2.
O facto é que "seria muito mais fácil [e menos dispendioso] deitar o pinhal abaixo e construir logo", admite Carlos Silva Neves, administrador das unidades do grupo hoteleiro. Porém, o objectivo passava por adaptar o hotel ao espaço pré-existente e não o oposto. Houve árvores derrubadas, mas, adianta, logo foram plantadas outras. E, mesmo assim, essa foi a excepção: a regra passou por olhar para a flora como a habitante natural daquele espaço.
O trabalho feito na preservação da natureza é ainda mais evidente quando se chega às resort suites térreas, que se localizam ligeiramente afastadas do coração do hotel. Os pinheiros, literalmente, abraçam as pequenas moradias e, em algumas, é possível ver como a arquitectura foi alterada para não beliscar a natureza que, agora, retribui amavelmente em refrescantes sombras, doces aromas e harmoniosos sons.
Mas esta política não é exclusiva ao exterior. E a sensação de respeito pelo meio envolvente, assim como a ideia de se estar permanentemente a admirar uma tela criada pela mãe natureza, volta a fazer-se sentir nos aposentos. No caso, uma obra que nos remete para o "oceano", como sublinha a directora comercial, Cristina Rosa, que se recusa a falar em "vista mar": "Vista mar é quando o hotel está mesmo sobre o mar, e não é o caso; por isso, fazemos questão em descrever as vistas como "oceano", "piscina" e "resort"", explica.
De natureza romântica
Dentro de cada espaço a natureza não deixa de estar presente. Foi pelo menos esse o objectivo de Teresa Leónidas, responsável pela decoração dos espaços. "Quis trazer um bocadinho da natureza para os espaços interiores", explica à Fugas, enquanto inspecciona milimetricamente o quarto que nos mostra e vai ajeitando aqui e ali um e outro objecto.
Os materiais, as cores, as formas. Tudo nos aposentos, que brincam entre o branco, o verde-pistáchio e os tons claros da cerejeira, transmite-nos tranquilidade e, acima de tudo, frescura. Isto sem que, desconfiamos, se corra o risco de os sentirmos como espaços frios. Além disso, pressente-se pelos vários quartos uma certa aura de romantismo. E tanto a grande tina branca, implantada de forma a se poder desfrutar das vistas, como o alvíssimo e esvoaçante tecido que compõe o dossel, presente em todas as camas, confirmam-nos a ideia.
Passar o tempo a deambular pelo quarto não será por isso nenhum sacrifício. Entre a vastidão da paisagem oferecida pela pequena varanda, onde duas chaise longue de jardim convidam à contemplação, e toda a tecnologia presente (ecrã LED de 40"" com dezenas de canais e video on demand, além de sistema de som integrado com possibilidade de ligação ao leitor de MP3 através de cabo ou Bluetooth), o tempo passa a correr, sem lugar a cansaços ou a enfastiamentos - a ter em conta: o acesso à Internet é gratuito em todos os espaços, quartos incluídos.
Ainda assim, há muito a descobrir e, embora a cama (e sobretudo as almofadas que, dizem-nos, têm sido alvo das intenções de compra de vários hóspedes, tal o conforto proporcionado) nos tente a prolongar o sono pela manhã adentro, abraçamos o dia logo ao nascer do Sol com uma pitada de pena por a temperatura exterior, embora amena, ainda não nos aliciar a um mergulho nas piscinas que se espraiam nas traseiras do hotel.
Os mergulhos não ficam, porém, postos de parte. A piscina interior, protegida por um tecto retráctil (provavelmente já a pensar em dias melhores), não substitui os banhos a céu aberto, mas cumpre o objectivo. Há ainda outra piscina, junto à área de apartamentos, que promete ser mais animada, mas também mais barulhenta, ficando mesmo ao lado do clube para miúdos, um serviço disponível sem qualquer encargo extra para idades compreendidas entre os 4 e os 12 (para bebés dos seis meses aos três anos existe um Baby Club, disponível por solicitação) ou outra no Sayanna Wellness SPA, onde o bem-estar é elevado a outro nível e no qual se destaca o tamanho XXL de cada sala de tratamento.
É esta diversidade de piscinas e de áreas que permite ao resort cumprir o seu objectivo: atrair toda a gente, independentemente do género de férias que procuram. E sem quaisquer atropelos. Até porque a animação também deverá chegar ao hotel. Dois distintos bares garantem que ninguém se sinta excluído: junto ao lobby, o By Epic, onde relaxar é a palavra de ordem e em cujo menu pululam chás, cocktails (com e sem álcool) e pequenos petiscos; e, num piso abaixo, o Epical, que terá animada programação musical, mantendo-se em funções até à 1h.
Resumindo, estima o director-geral da unidade Lourenço Ribeiro, o edifício central deverá ser procurado por casais, a área de apartamentos, por famílias com crianças pequenas, e as moradias deverão ser requisitadas por quem não abdique de privacidade.
Uma pedrada no charco
São as diferentes opções disponíveis que fazem com que se olhe para o Epic como um resort. Nas piscinas e nos bares, mas também nos restaurantes que têm a sua inspiração no (bom) humor do chef Luís Mourão. São três, cada qual com o seu próprio ambiente. O mais popular será o Abyad, onde são servidos os pequenos-almoços. O ambiente é sobretudo descontraído e a cozinha, de cariz tradicional, construída a partir de ingredientes regionais. Cereja no topo: todo o restaurante abre-se para uma praça, marcada pela presença constante da água que vai correndo num tanque central que percorre longitudinalmente toda a esplanada, a remeter para um ambiente mourisco.
Outra hipótese é ficar à beira da piscina e no meio do pinhal. O Open Deck prima pela descontração e, entre peixes e mariscos, promete o que de melhor o mar algarvio tem para oferecer. Por fim, um restaurante de conceito gourmet, o Al Quimia, que também se abre a não-hóspedes num espaço intimista. Para este, Luís Mourão aposta e pratos confeccionados com "os mais frescos e melhores ingredientes nacionais", acompanhados por alguns dos "melhores vinhos portugueses".
Pelo meio, uma série de pequenos, mas exclusivos, luxos. E, como fez questão de sublinhar Carlos Silva Neves numa breve apresentação do resort a jornalistas, um "serviço irrepreensível". Particularidades que se fazem - e que "se devem fazer", dizem-nos - pagar. Um duplo não se reserva por menos de 120€, mas a norma será andar na casa dos 200€ (suites e moradias podem atingir os 800€ por noite). Por isso, não é de estranhar que as perspectivas, tendo em conta as quedas dos vários mercados emissores de turistas, não ultrapassem para uma ocupação de um terço ao longo deste primeiro ano.
Ainda assim, num projecto que envolveu um investimento de 65 milhões de euros, "os preços não vão baixar", afirma a directora comercial, Cristina Rosa. A confirmar-se, e mesmo que ninguém o afirme, o Epic poderá representar uma pedrada no charco numa altura em que se assiste a um Algarve em saldos. "Os preços baixam e necessariamente os serviços oferecidos acompanham essa descida", observa-se em conversa. Por isso, a política comercial também tem o seu quê de épico: levantar a fasquia do turismo algarvio e pô-la a um nível do qual "a região nunca deveria ter saído".
A Fugas viajou a convite do grupo Sana
- Nome
- Epic Sana Algarve
- Local
- Albufeira, Olhos de Água, Pinhal do Concelho (Praia da Falésia)
- Telefone
- 289104300
- Website
- http://www.algarve.epic.sanahotels.com