Fugas - hotéis

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Uma velha dama cheia de vontade de receber gente em casa

Por Patrícia Carvalho ,

Aos 40 anos, o hotel plantado sobre a falésia no Vimeiro renovou-se, assumindo agora um cariz mais familiar. A paisagem será sempre um valor seguro, mas se lhe juntarmos comida da boa e actividades que enchem o olho aos miúdos, os dias por aqui arriscam-se a ser quase perfeitos.

Não se consegue pôr de lado a paisagem. Podemos tentar, é certo. Podemos fechar os olhos e pensar na sopa maravilhosa que comemos ao almoço ou regressarmos à aventura de experimentar escalada e rapel, mas não adianta. Mais cedo ou mais tarde, o que nos verdadeiramente sorri é a paisagem que se avista do Hotel Ô Golf Mar, no Vimeiro. Colado à praia, sobre uma falésia, e com a serra nas suas costas, a velha unidade hoteleira com 40 anos está a renovar-se e pronta para receber adultos e crianças. Uma noite é pouco para apreciar todos os seus encantos.

Vamos tirar já esta informação do caminho: dorme-se bem, no Ô Golf Mar. Não há outros edifícios em volta, o hotel tem uma ampla área verde em redor e o ruído do mar não chega a ultrapassar a pequena varanda e as vidraças das janelas. Mas dormir deve ser aquilo que menos lhe vai apetecer fazer se fizer uma visita a esta “velha dama”, que é como Nuno Santos, director da operação do Vimeiro do grupo Ô Hotels & Resorts, descreve a unidade hoteleira. “Uma velha dama de quem gosto muito” é exactamente o que ele diz. E percebemos porquê.

Desde logo quando nos aproximamos do hotel, pelo meio de campos verdes, com elevações rochosas e, de súbito, depois de uma curva, nos deparamos com o gigante de betão com a praia a seus pés. O edifício não é bonito. Ali, naquele lugar sem mais construções à volta, parece absolutamente desproporcional e, à primeira vista, apetece dizer que era boa ideia limpar a paisagem, deitando-o abaixo. Mas já não é possível pensar o mesmo assim que começamos a subir o caminho entre árvores baixas que leva até ao hotel e que atravessa parte do antigo campo de golfe, nem quando nos deparamos com a simpatia dos vários responsáveis do hotel, que andam sempre a passarinhar por ali, à mão de semear para esclarecer qualquer dúvida. E, quando as portas do elevador se abrem num dos pisos superiores e a primeira imagem que vemos, para lá da enorme vidraça, é a Costa de Prata, com a praia de Santa Rita ali aos pés e outras a espreitarem entre as falésias, já estamos mais do que disponíveis para pôr de lado o que nos parecera um claro erro urbanístico.

O hotel tem um pequeno spa, uma piscina exterior e uma interior — a segunda estava em obras, quando lá estivemos, mas já deve ter reaberto, e estava demasido frio para experimentar a primeira —, acesso directo às praias, um bar simpático com uma esplanada de onde, nos dias quentes, não há-de apetecer sair e muitos, muitos espaços dedicados às crianças. Do antigo campo de golfe, manteve apenas o nome e, hoje, se fosse preciso descrevê-lo numa só palavra, “familiar” seria, sem dúvida, a escolhida.

O final do mês de Abril trouxe a inauguração de um conjunto de actividades pagas, para adultos, crianças e jovens, desenvolvidas em parceria com empresas externas, que prometem encher de actividades diferentes os dias dos visitantes menos dados ao prazer simples de não fazer nada.

Experimentámos fazer uma caminhada que, antes de nos fazer suar em subidas um pouco mais íngremes, nos levou ao longo de um trilho sossegado, interdito a viaturas motorizadas, e que segue ao longo do rio Alcabrichel, até ao edifício das Termas do Vimeiro. A subida enche-nos o olhar do verde dos montes em redor, dos casarios que espreitam de vez em quando, de um moinho de vento bem lá no topo. A descida, feita pela outra encosta, é toda mar. É azul e ondas e pessoas a fazer kitesurf, aproveitando o vento que (já agora) ali em cima é bem mais forte e gelado do que antes de termos começado a subir.

O nosso guia encaminha-nos então para a “parede” (“é pequena, só tem uns cinco ou seis metros”), em que iremos experimentar, pela primeira vez, fazer rapel e, depois, escalada. Não chegou a haver um friozinho no estômago, que a parede nem sequer era visível antes de começarmos a descê-la, mas chegámos lá baixo com o braço a doer, pela força (desnecessária e nervosa) que fizemos enquanto seguíamos a rocha até à base. Escalá-la já foi mais difícil. Parecia que não havia onde encaixar os pés e os braços denunciavam a falta de força para içar o corpo quando era preciso queimar mais uma etapa. Mas chegamos lá. E sem mazelas. 

O Passeio Aventura (que também pode incluir tiro com arco) é apenas uma das actividades que o Vimeiro Clube Aventura disponibiliza a partir do hotel. Instalados no terreno do Ô Golf Mar, junto ao caminho de acesso, os monitores passavam os dias às voltas com miúdos que queriam experimentar, gratuitamente, os insufláveis, o parque infantil ou o minitrampolim. Os pais podem deixar os mais pequenos ali ou no interior do hotel, no Flipper Kid Club — com muitos jogos, livros e sempre monitores presentes —, e ir experimentar, por exemplo, a UMM Experience. Que é, basicamente, tentar não bater com a cabeça no tecto do jipe português enquanto ele ultrapassa tudo o que são obstáculos, pedregulhos e inclinações perigosas nas mesmas encostas que já tínhamos percorrido a pé. Divertido, para quem não sofre de enjoos.

O hotel tem também uma parceria com uma escola de surf — Good Surf Good Love Surf Academy — que proporcina baptismos desta actividade na praia de Santa Rita e, nos terrenos do Ô Golf Mar, está também a Equites, que proporciona diversas experiências com cavalos. (Podemos confirmar que há qualquer coisa de desarmante em sermos colocados junto a um grupo de cavalos e tentarmos estabelecer uma relação com um deles.)

Depois de tantas actividades — há ainda tiro ao arco, paintball, passeios de BTT ou birdwatching, só para citar alguns —, nada melhor do que se deixar seduzir pela comida com intenso sabor caseiro do restaurante do hotel. É variada, há sempre um prato vegetariano e nada do que comemos nos desiludiu. Deliciosa.

Se ainda lhe sobrar tempo, ou se o rapel e a escalada o deixaram um pouco moído, há massagens à sua espera no spa do hotel. O Ô Golf Mar, já dissemos, tem 40 anos e não é perfeito. A sala onde fizemos uma massagem é pequena, antiga, a precisar que a transformem em algo mais acolhedor, mas a massagem de cera quente soube às mil maravilhas e, pronto, uma massagem deve ser gozada de olhos fechados.

Brincadeiras à parte, o Hotel Ô Golf Mar não é perfeito. A idade nota-se em alguns pormenores, sobretudo nos quartos. As mobílias podiam ser mais recentes, já há alguns intrusos na homogeneidade dos azulejos da casa-de-banho e as carpetes ostentam alguns sinais próprios da idade. Mas, por outro lado, as cores claras dos quartos, as janelas sobre o mar (também há quartos voltados para a serra, mas vale a pena escolher um voltado para a costa), as almofadas confortáveis (e pode escolher diferentes tipos, já agora), as refeições com sabor caseiro e a simpatia generalizada fazem esquecer o que não passam de pequenos pormenores. A velha dama ainda tem muito para oferecer.

A Fugas esteve alojada a convite do Ô Golf Mar
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Como ir
O hotel fica na Costa de Prata, no Vimeiro, junto à Praia de Santa Rita e a curta distância das praias de Santa Cruz e também da Ericeira (cerca de 50 quilómetros). Chega-se lá utilizando a A17 e seguindo, depois, as indicações para o Vimeiro, até aparecerem os sinais a dizer “praias” ou as placas informativas do própro hotel.

Quartos
O Ô Golf Mar tem 252 quartos (incluindo duas suites), com preços que variam entre os 58,50 euros e os 125. É normal o hotel oferecer pacotes que incluem tratamentos no spa ou outras actividades, pelo que é sempre bom informar-se. Há wifi em todo o hotel.

Nome
Ô Golf Mar
Local
Torres Vedras, Maceira, Praia do Porto Novo
Telefone
261980800
Website
http://www.ohotelsandresorts.com/
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