Aqui é difícil fugir aos clichés. Não porque é tudo igual ao que já vimos mas sim porque encaixa em tudo o que já ouvimos por aí. Bem tentamos fugir às frases feitas quando tudo o que queremos dizer é que na Comporta há um paraíso escondido. E há mesmo. Chama-se Sublime Comporta e o nome diz tudo. O que encontramos nesta unidade turística é um projecto de charme. Um ambiente íntimo e sem quaisquer pretensiosismos. Um hotel de luxo, não tenhamos vergonha de dizer. Um lugar para se descansar e desligar do mundo sem que nada nos falte: um restaurante com menus pensados ao mais ínfimo detalhe, um spa com tudo a que temos direito, piscina interior e exterior e um longo pinhal. Isto tudo e ainda a praia do Carvalhal ou a praia da Comporta ali mesmo ao lado.
Da estrada, o Sublime Comporta passa quase despercebido. Pouco se vê, só há mesmo o grande portão a dar as boas-vindas. Entramos e continuamos a pouco ver. Árvores, muitas árvores. Pinheiros e sobreiros. Cheiro bom a campo. A tranquilidade vive aqui, percebemos logo. E é só para alguns. Uns bons metros à frente, encontramos as casas. O Sublime Comporta está dividido em dois edifícios: o principal, onde fica o restaurante, o bar, o spa e cinco quartos; e uma outra estrutura com nove quartos. Mas já lá vamos.
Já tínhamos visto algumas fotografias desta unidade hoteleira mas mesmo assim a surpresa ao chegar é grande. É paradísica a paisagem. É o Sublime Comporta e mais nada à volta. São dois edifícios elegantes e inteligentemente pensados, com a devida distância para que qualquer hóspede se sinta à vontade. A vantagem de apenas existirem 14 quartos é a certeza de que nunca andarão pessoas a mais por aqui. É a certeza da intimidade, do conforto de nossa casa, com todas as mordomias. É a certeza também de que beberemos um gin ou um vinho da região com a piscina à vista, ou até com os pés dentro de água. É a certeza de que não pensaremos em nada, a não ser em aproveitar o momento. Que só pode ser bom.
É isso mesmo que Gonçalo Pessoa e a sua mulher Patrícia querem proporcionar aos hóspedes. É deles o projecto. É deles a ideia de tudo. Ideia essa que existe mais ou menos desde 2002, quando pela primeira vez visitaram a Comporta. “Gostámos tanto do que vimos que decidimos comprar um terreno”, diz Gonçalo, piloto da TAP de profissão. Dois anos mais tarde compraram o terreno, que já fez parte da Herdade da Comporta, da família Espírito Santo. “Mas não sabíamos bem o que queríamos fazer.” Foi só em 2011 que a ideia apareceu. Obtiveram a licença para construção de uma grande moradia. Tão grande que perceberam que não devia ficar apenas para uso familiar. “Achámos que a Comporta se estava a tornar num destino turístico, que até então não era, era uma coisa muito incipiente, e decidimos adaptar o licenciamento que havia para a construção de um hotel de charme”, conta. “Não tínhamos experiência nenhuma de hotelaria do ponto de vista de gestão mas eu há 15 anos [como piloto] que vivo em hotéis, já vi muita coisa, o bom e o mau”, continua Gonçalo, contando que, juntamente com a mulher, também sempre gostou de receber pessoas em casa.
O Sublime Comporta é, então, uma extensão de tudo isto. É a extensão de algo que já faziam mas agora com mais requinte e algum formalismo. Estão de portas abertas para o mundo e não só para os amigos mas é como amigos que tratam os que aqui chegam. Não são de estranhar, por isso, os nomes dados aos quartos. Na unidade principal, o destaque vai para a suíte, dizem que é a suíte dos proprietários (Owner’s Suite) mas é, na verdade, para quem aqui quiser ficar. E isso inclui aproveitar um jacuzzi na varanda, com vista para a piscina e para as árvores, e uma banheira no quarto. Uma cama king size e uma lareira pronta a aquecer qualquer noite mais fria. É um espaço aberto com 50 metros quadrados sem vizinhos dos lados. Apenas em baixo, onde ficam os outros quatro quartos desta unidade. São os quartos dos amigos (Friends Rooms) e depois do outro lado, a cerca de cem metros, já noutro edifício, ficam as suítes dos convidados (Guests Suites).
Todos os quartos são amplos, modernos e simples. No lado dos convidados, os quartos são pequenas habitações com janelas enormes dos dois lados. Todas elas com inscrições de canções que já ouvimos aqui e ali. I love you baby/And if it’s quite all right/I need you baby/To warm the lonely nights, já cantava Frankie Valli e nós agora também.
“Foi uma aposta ganha porque a Comporta precisava de um local onde as pessoas se pudessem alojar com qualidade. Não gosto da palavra luxo, para mim é qualidade”, diz Gonçalo Pessoa, defendendo que a oferta da zona ainda é muito escassa. “Acho que viemos suprir uma necessidade, havia imensa procura.”
A prova foram as noites esgotadas no ano passado, mal abriram portas. “Tivemos taxas de ocupação altíssimas”, continua, explicando que no Verão foram mais procurados por estrangeiros para estadias mais longas e no Inverno foram os portugueses que quiseram aqui passar um ou dois dias. Tendências que se mantêm, assim como a procura. De tal forma que Gonçalo e Patrícia estudam já uma ampliação do hotel para 2016. “Um misto de quartos e moradias”, conta Gonçalo, garantindo que o sossego e o equilíbrio do local nunca serão postos em causa. Até porque não é para crescer em demasia. E espaço há para tudo, ou não fosse esta uma herdade de 17 hectares. “O que acontece é que no Verão a procura é muita, se tivéssemos o triplo dos quartos isto enchia. Mas é preciso lembrar que depois vem o Inverno e por isso estamos a estudar essa expansão”, explica o responsável, com a promessa de manter o equilíbrio e o espírito intimista.
Outra das apostas do casal é o restaurante que está aberto todos os dias do ano para o público em geral. “Decidimos avançar porque eu também adoro a restauração, foi de paixão total. Decidimos então fazer algo diferente, uma cozinha de autor”, continua, explicando que a aposta é na “apresentação mais sofisticada mas que tentasse ao máximo ter identidade portuguesa”. “Temos consciência que temos de servir o mais possível os produtos da zona. Comprar coisas do estrangeiro, nem pensar.”
À frente da cozinha está o chef David João, ali mesmo da região, assim como todos os empregados desta unidade hoteleira. “Tirámos várias pessoas do desemprego. O concelho de Grândola tem problemas gravíssimos de desemprego e conseguimos reunir uma equipa com pessoas da zona”, diz Gonçalo Pessoa, com o desejo de que o restaurante se destaque por si e que seja também uma referência para lá do hotel. Ao almoço a carta é mais ligeira. Massas, saladas mas também pratos de carne e de peixe. E à noite o programa é especial. “O jantar é sempre um menu de degustação. São sempre quatro pratos com a mesma estrutura: uma entrada sólida, depois uma entrada líquida (uma sopa, um creme, um gaspacho), depois um prato de peixe e outro de carne, mais a sobremesa”, explica o responsável, garantindo que todos os dias este menu, que pode ser acompanhado também por um menu de degustação de vinhos da região, é diferente. “De acordo com aquilo que está disponível, o chef vai idealizando para que quem fica cá cinco dias, por exemplo, se quiser jantar cá, nunca repita a refeição.”
E é mesmo possível ficar por aqui cinco dias, ou mais, e não se cansar de aqui estar. Entre um mergulho na piscina, uma ida à sauna ou ao banho turco, mais uma massagem relaxante de nos pôr a levitar e mais um mergulho, desta feita na piscina interior, o leque de alternativas é alargado. É possível também fazer caminhadas pela herdade ou pegar nas bicicletas e ir até à praia. “Nós oferecemos basicamente tudo o que é expectável num hotel tradicional de cinco estrelas”, diz Gonçalo, para quem se mais concorrência houvesse, melhor seria. “Aqui na Comporta, eu gostava que existissem mais projectos e que estivessem ao nosso nível, a oferta ia gerar de certeza mais procura”, afirma, deixando a explicação do nome, Sublime Comporta, para o final da conversa. “O nome foi escolhido a dedo porque tem duas particularidades. Uma é que tem um sentimento muito forte. Quando se fala em sublime há vários sinónimos. Todos nós sentimos qualquer coisa de especial”, explica. “E depois tem outra particularidade, escreve-se da mesma forma em quase todas as línguas principais: português, espanhol, inglês, francês, italiano, alemão. É a mesma palavra, só muda a forma como é dito”, acrescenta. Resumindo: “Tem sentimento e universalidade.” É isso o Sublime Comporta.
A Fugas esteve alojada a convite do Sublime Comporta
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Preços: Os preços variam entre os 185 euros e os 370 euros por noite com pequeno-almoço incluído, consoante a época escolhida e os dias da semana, assim como os quartos em questão.
Como ir
Do Porto e de Lisboa, seguir em direcção à Ponte Vasco da Gama e apanhar a A12. Seguir depois para a A2 em direcção a sul (Algarve) durante aproximadamente 100km. Sair em direcção a Grândola/Sines e depois sair para Comporta/Tróia. Virar à esquerda na estrada N261-1. O Sublime Comporta fica a cerca de 10km.
Onde comer
O restaurante do hotel serve refeições com produtos da região. Para a mesa só vai o que é fresco. Dos legumes da horta ao peixe do mar aqui mesmo ao lado. O menu de degustação servido ao jantar, por exemplo, tem o preço de 45 euros por pessoa, sem bebidas. Caso queira sair do Sublime e conhecer o que há nas redondezas pode experimentar o restaurante A Escola, no lugar de uma antiga escola primária, na localidade de Cachopos (entre Alcácer do Sal e Tróia). A gastronomia do Sado é estrela aqui. Se preferir um sítio mais perto, experimente O Dinis - Restaurante Bar dos Pescadores. Em plena praia do Carvalhal, mesmo em frente ao mar, com uma vista magnífica, pode comer aqui um bom peixinho grelhado.
- Nome
- Sublime Comporta
- Local
- Grândola, Grândola, CCI 3954
- Telefone
- 269449376
- Website
- http://www.sublimecomporta.pt/