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    Baumhaus Paulo Pimenta
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A minha Baumhaus no centro do Porto

Por Patrícia Carvalho ,

Baumhaus significa casa da árvore em alemão. E ela, a árvore, aguarda pelos hóspedes que ocupam os apartamentos deste projecto turístico na Rua da Boavista. São habitações modernas-antigas, límpidas e tranquilas. Onde quase nos esquecemos que estamos no centro da cidade.

A arquitecta Ana Coelho está um pouco inquieta. É um calmo dia de semana no mês de Janeiro e a Baumhaus está vazia. Seremos os únicos ocupantes do edifício durante a noite. “Seria bom ver o movimento quando estão cá outros hóspedes, com os miúdos a aproveitarem o jardim”, diz. Mas a verdade é que não nos preocupa ter o edifício de quatro pisos, construído em meados do século XIX, por nossa conta. Fechada a porta do apartamento que nos entregaram para passar a noite, pouco importa se todos os outros, também de porta fechada, estão vazios. É empolgante a ideia de estar sozinha em casa no centro do Porto.

Já fizemos a visita guiada ao edifício vazio, com todos os quartos impecavelmente limpos e arrumados, e estamos ansiosos por nos sentirmos em casa: tirar os sapatos, vestir o pijama e estendermo-nos no sofá, antes de o sono chegar. Não é difícil — de facto, sentimo-nos tão em casa que pouco depois de nos estendermos no sofá, com uma manta nos joelhos que afasta imediatamente qualquer réstia do Inverno lá fora, começamos a dormitar em frente à televisão. Tal qual como se estivéssemos em casa. Mas estamos a andar demasiado depressa.

Chegamos à Baumhaus ao final da tarde e Ana Coelho está à nossa espera. Um a um, percorremos os apartamentos identificados com nomes de artistas portugueses — Almada (Negreiros), (Júlio) Pomar, Nadir (Afonso), (Henrique) Pousão, Vieira (da Silva), Manuel (Cargaleiro), Julião (Sarmento), Paula (Rego) e Emmerico (Nunes) —, de que nos fica uma sensação geral de espaços límpidos e serenos, carregados de cores suaves e muitos pontos de luz. Nos quartos de banho, o olhar é instintivamente arrastado para o chão, coberto por mosaicos hidráulicos de padrões diferentes e que são um belo apontamento colorido à neutralidade do espaço.

Ana Coelho começa pelos dois quartos do rés-do-chão, abre as portas para o jardim longo e bem tratado, com um churrasco ao fundo, desce à cave, para mostrar mais um quarto, e vai subindo, patamar a patamar, abrindo as portas de cada um dos dois quartos por piso. O nosso é lá em cima, no último andar, o 4.º piso, o que só por si nos surpreende — visto da rua, o edifício não parece ter mais do que dois andares, ilusão criada pelo facto de os dois últimos serem recuados.

O dono da casa não está, explica a arquitecta. E quer permanecer anónimo. Quando contratou os serviços de Ana Coelho, o empresário sem negócios similares no país e com ligações à Alemanha, pediu serviço completo — que lhe encontrassem um prédio para reabilitar no Porto e que nesse prédio se fizessem pequenos apartamentos. “A ideia inicial era ter apartamentos para arrendar a potenciais moradores, mas com a evolução do mercado no Porto decidiu-se transformá-lo em apartamentos para turistas”, diz a arquitecta a quem foi dada carta-branca para agir como quisesse no edifício de meados do século XIX, que antes de fechar as portas, há cerca de três anos, fizera parte nos últimos 40 do Colégio Lumen. Por isso, Ana Coelho já não tinha apenas de desenvolver um projecto de reabilitação, mas também de encontrar roupa de cama e de casa de banho, mobiliário, produtos de banho, um nome para a casa e um logótipo.

O resultado final, harmonioso, resulta da recuperação do que era recuperável e da introdução de alguns elementos modernos. Por isso, há balcões feitos de riga, reaproveitada do soalho, louça Ikea e mesas-de-cabeceira dos anos 1960. Há livros e revistas por todo o lado, café Nespresso, produtos de banho ecológicos e roupa de cama e de banho 100% algodão e feita em Portugal. E as cores de cada apartamento remetem para a obra do artista que lhe deu o nome.

Alguns dos quartos que dão para a Rua da Boavista têm ainda os tectos trabalhados, em estuque, e um tem mesmo partes pintadas de azul e vermelho, tal como acontecia na versão original. Um deles tem varanda sobre o rua, enquanto do outro lado há portas que se abrem para o jardim, balcões com janelas altas e, no topo, onde vamos dormir, uma varanda suficientemente alta para nos sentirmos ao nível da copa coberta de flores brancas da grande magnólia da casa vizinha. “A reabilitação acabou por ser fácil, porque o edifício nunca teve obras, estava conforme o original. Não tinha betão nem outras invenções”, explica Ana Coelho. “Decidimos que o que desse para recuperar seria recuperado — madeiras, estuques —, o que não estivesse em condições faríamos de novo, porque não queríamos ter uma imitação do antigo”, conclui.

O novo e o velho ajustaram-se, sem esforço. Já sem a arquitecta, é hora de descer a escadaria para ir buscar o jantar. Traz-se comida a pedir microondas e enquanto ele trabalha saem de armários e gavetas pratos, copos e talheres. As panelas e a varinha mágica não são necessárias. Mais tarde, a cama revela-se acolhedora e mesmo que a tela da varanda não oculte completamente a luminosidade, não nos incomoda. Dormimos em menos de nada.

Acordamos para uma manhã de neblina que esconde a torre da Igreja de Cedofeita, do lado esquerdo da varanda. Ainda antes de abandonarmos a cama e abrirmos a janela, vemos vultos silenciosos de gaivotas a voar lá fora. Há carros ao longe, deixá-los lá.

Antes de partirmos, descemos ao jardim com a relva de um verde refrescante. Há maracujás a espreitar junto a um dos muros e dizem-nos que, no Verão, os visitantes terão mais frutos com que se deliciar — estão por ali plantados kiwis, amoras, framboesas e mirtilos. Ao fundo, imponente, está a grande árvore solitária da casa. É um cedro-do-líbano, explicara-nos Ana Coelho na tarde anterior. Foi ele que se transformou no símbolo da casa, é ele que dá nome ao projecto (Baumhaus significa Casa da Árvore em alemão). Tal como tanto deste edifício, ele já lá estava quando a nova vida do edifício chegou. Recebeu os primeiros turistas em Agosto do ano passado e aguarda, agora, por todos os que vão aparecendo. É uma árvore alta, de copa larga e tronco escuro. Sólida e pacata. Vê-la da varanda, antes de esconder o exterior com a tela protectora, fez-nos ter a certeza que, apesar de tudo, não estávamos assim tão sozinhos em casa. 

Informações

Como ir: Absolutamente central, o edifício do século XIX está a cinco minutos a pé da Rotunda da Boavista e de várias paragens de autocarro. A estação de metro Carolina Michaëlis, com ligação directa à Baixa do Porto e ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, também fica a cerca de cinco minutos a pé do aparthotel. A casa não tem parque de estacionamento, mas a arquitecta Ana Coelho explica que a Baumhaus tem um acordo com uma garagem nas imediações que permite aos hóspedes usufruírem de descontos na recolha da respectiva viatura, caso optem por se deslocar de carro.

A ter em conta:  O edifício não tem acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, contudo, no rés-do-chão, existem dois apartamentos, o que facilita o acesso a quem não pode subir a escadaria central da Baumhaus para os pisos superiores. Os dois quartos do rés-do-chão (Almada e Pomar) têm um mezanino e é no topo das escadas estreitas que está a cama. Ao nível térreo encontra-se o sofá-cama — muito fácil de montar. Se optar por um destes apartamentos tenha em conta que a altura do mezanino é diminuta e impossibilita que qualquer pessoa com mais de 1,40 metros consiga caminhar sem estar curvada. A escolha destas habitações recomenda, por isso, que a cama seja deixada para crianças ou pessoas com discernimento suficiente para, ao acordar, não se levantarem totalmente, a menos que queiram dar com a cabeça no tecto. No momento de reservar, talvez queira também recordar-se que a Baumhaus está no centro da cidade e que o ruído do tráfego envolvente é impossível de abafar na totalidade. Há quartos voltados para a rua e outros que dão para o jardim interior. Ficamos num destes últimos e o ruído, aqui, é quase inexistente. É provável que nas habitações voltadas para a rua ele se faça sentir um pouco mais.

Preços: O aparthotel oferece nove apartamentos, com uma cama de casal e, na maior parte dos casos, um sofá-cama que acomoda mais duas pessoas. Todos estão equipados com utensílios de cozinha, incluindo máquina de café, cafeteira eléctrica para ferver água e torradeira. Os preços não incluem qualquer refeição e para o mês de Fevereiro variam entre os 63 euros (apartamento mais pequeno, apenas para duas pessoas) e os 111 euros (estúdio king deluxe, com varanda e acomodação para quatro pessoas).

 

 

Nome
Baumhaus Serviced Apartments
Local
Porto, Cedofeita, Rua da Boavista, 781
Telefone
915495579
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