Fugas - hotéis

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Yurt para mim, cavalo para ti

Por Mara Gonçalves ,

São quatro yurts modernas com janela no tecto para um sono com as estrelas. E é o amor de uma família francesa por Portugal e pelo cavalo lusitano.

Tudo começou com os cavalos. Foi a paixão pela equitação, o encanto pela feira da Golegã e a vontade da filha mais velha, Morgane, se profissionalizar na competição dedressage que fizeram esta família francesa deixar o Porto, onde vivia há mais de dez anos, e instalar-se no coração do Ribatejo, terra de festa brava, de campinos e do puro sangue lusitano. “Já fazíamos equitação no Norte quando ouvimos falar da Feira Nacional do Cavalo, na Golegã. Fomos lá passear num fim-de-semana e ficámos tão impressionados”, começa por contar Florence Giordimaina, proprietária e responsável pela Quinta M, juntamente com o marido, Louis, que vive há 20 anos em Portugal e tem negócios nas indústrias dos têxteis e da cortiça. “Ainda voltámos um segundo ano só para fazer uma visita e montar um pouco, mas começámos logo a pensar que seria bom mudarmo-nos para aqui e encontrar um sítio onde pudéssemos partilhar isto e fazer um turismo”, recorda num sotaque carregado e sorriso permanente.

Compraram o terreno em 2009, as obras começaram no ano seguinte e a Quinta M abria ao público quatro anos depois, primeiro só para a feira, depois de forma contínua e oficial no início de 2015. Mas, como dizíamos, tudo começou com os cavalos. E, antes de querer ser alojamento turístico generalista, a unidade nascia sobretudo focada na equitação, como um género de centro de treinos e de estágio de dressage, onde Morgane pudesse treinar diariamente e dar aulas a cavaleiros e cavalos (é ela a instrutora da unidade e existem vários planos disponíveis, de um volteio inaugural para miúdos e graúdos a estágios especializados de dressage). Há, por isso, cavalariças com dez boxes (por lá vivem agora os sete cavalos dos proprietários, incluindo Basco, o cavalo de competição de Morgane; que podem ser utilizados nas aulas ou os hóspedes e alunos podem trazer os seus próprios animais); um picadeiro coberto e dois no exterior, um pequeno circular e outro com as medidas de competição, entre as vinhas e a piscina.

Apesar de originalmente estar especialmente dedicado à equitação, o projecto familiar cedo foi evoluindo. Pouco depois, surgia a construção do edifício principal (onde fica a sala de estar e de refeições e, provisoriamente, a sala de massagens) e mais tarde as quatro yurts. “No início pensámos fazer com tendas típicas dos lodges africanos, mas era complicado trazê-las e entretanto o meu marido soube deste projecto de um francês, que faz estas yurts de maneira moderna”, conta Florence, confessando que a opção pelas tendas tradicionais da Mongólia surgiu sobretudo “para apanhar a curiosidade”.

Um caminho de pedras alvas conduz-nos por entre a relva até às quatro yurts. Parecem redondos e brancos cogumelos de capuz bege, dois de cada lado, um belo terraço individual em frente. Confessamos que antes de virmos pensámos que surgiriam que nem ovnis na paisagem, mas estão agradavelmente inseridos no ambiente envolvente graças à decoração cuidada do exterior, minimalista e onde abunda o verde e o branco, muita madeira e pormenores decorativos, como antigas carroças, candeeiros em barro trabalhado e pequenas estatuetas. 

Cada yurt tem o nome de um rio português — “queríamos uma coisa de cá” e “é prático porque é fácil dizê-los noutras línguas” — e uma cor dominante na decoração: o verde pinta a Douro (onde ficámos), enquanto a Tejo enche-se de azul, a Lima de tons laranja e a Minho de lilás. No interior, todas as comodidades de um quarto moderno, onde se destaca uma vez mais a decoração simples, com apontamentos tradicionais e românticos. Em cada uma, três coloridos passarinhos de pano empoleiram-se num ramo para embalar os sonos (o que pode quase tornar-se literal, como aconteceu connosco: um mocho decidiu cantar ao início da noite; algo já habitual, tinham-nos avisado). No entanto, o que salta imediatamente à vista mal entramos em cada tenda é o sol que enfeita o tecto, com raios de madeira e, ao centro, uma enorme e redonda janela para as estrelas.

A ligação à natureza envolvente é permanente e é esse o objectivo último dos proprietários: que quem cá venha se desligue do quotidiano e das tecnologias para recarregar energias no contacto com a natureza, num ambiente onde impera a tranquilidade e o silêncio típicos da vida no campo. Ficar a ler no terraço, mergulhar na piscina, caminhar pela propriedade ou pedalar nas redondezas, fazer uma massagem ou uma aula de pilates, quem sabe até um fim-de-semana detox ou um workshop de cozinha saudável com os produtos que nascerão na horta da quinta são algumas das actividades propostas. Não há televisão, mas existe wi-fi e na mesa-de-cabeceira de cada yurt encontra-se um jogo tradicional (no nosso tínhamos uma caixinha de madeira com o ludo). Na sala de convívio descobrimos também um baralho de cartas.

“Como estou a trabalhar neste projecto a 100%, [o conceito] é também um bocadinho de mim e de como estou agora, daquilo de que gosto”, diz Florence, adepta da alimentação saudável, da agricultura biológica e do ioga. Por isso, a componente do bem-estar tornou-se um segundo pilar fundamental do conceito da Quinta M, que continuará a ser explorado e potenciado com a construção de um novo edifício, que ficará junto à vinha que se planta por estes dias e que terá uma sala de tratamentos e outra para aulas em grupo (deverá estar concluído antes do Verão).

Sempre com “espontaneidade e simplicidade”, num serviço familiar e personalizado. “Só temos quatro yurts e não queremos mais porque a ideia é mesmo ficar uma coisa pequena para receber os clientes de uma certa maneira, dar atenção aos pormenores”, conta. “Os hóspedes têm saído daqui quase como amigos”, diz Florence, sorridente. “Fiz isto nesse sentido mas não estava à espera de o conseguir tão bem e essa é a maior recompensa porque, no final, é esse o objectivo: que se sintam em casa.”

Informações

Como ir
Siga para a A1 e saia pela A23 em direcção a Abrantes/Castelo Branco/Torres Novas e, logo de seguida, no sentido Alcanena/Minde. Siga as indicações para Santarém e, depois, para Casével. A partir daqui já deverá encontrar placas a sinalizar o caminho para a Quinta M — se não, em Casével, continue pela Rua Luís de Camões até desembocar na EM567. Mantenha-se nesta estrada municipal durante aproximadamente um quilómetro até encontrar um cruzamento. Vire à esquerda e depois à direita. Os portões da unidade de turismo deverão surgir à sua direita.

O que fazer
Além da piscina exterior e das bicicletas vintage que podem ser utilizadas livremente, as actividades dentro da quinta dividem-se entre a equitação, com diferentes modalidades de aulas particulares com Morgane (é possível trazer o próprio cavalo e utilizar as cavalariças e os picadeiros ou montar um dos cavalos lusitanos da quinta), e o bem-estar, com sessões de massagem, aulas de ioga e pilates ou mesmo um bootcampA Quinta M fica localizada no coração do Ribatejo, por isso vale a pena fazer um passeio pela região, terra de campinos e do cavalo lusitano. Golegã, Fátima, Tomar, Constância ou Santarém ficam a cerca de 30 minutos de distância de carro. Para os amantes da natureza, recomendamos a Reserva Natural do Paul do Boquilobo ou a Serra de Aire e de Candeeiros.

Onde comer
É possível ficar para almoçar ou jantar no hotel, mas é necessário fazer reserva antecipada. Os snacks variam entre 12€ e 15€, enquanto os menus vão de 20€ a 40€, dependendo do tipo de comida e daquilo que o cliente quiser incluir (vários pratos ou vinho, por exemplo).

Quanto a restaurantes, recomendam o Papa Figos, em Torres Novas, o Chafarica da Torre, em Santarém, o Flor de Sal, no Entroncamento, o Lusitanus e O Barrigas, na Golegã. Para uma refeição simples num restaurante próximo do hotel, a sugestão é O Lagar, na Brogueira.

Preços: 150€ por noite durante a época baixa (de Outubro a Abril) e 180€ na época alta (de Maio a Setembro e durante a Feira Nacional do Cavalo, na Golegã, que decorre no início de Novembro). O pequeno-almoço está incluído. Quanto às aulas de equitação, o volteio de 20 minutos (para quem nunca montou a cavalo) custa 20€, uma aula inicial de dressage de 40 minutos custa 35€ e uma aula profissional de 60 minutos (mais técnica) tem um preço de 40€. As sessões de massagem custam 65€ e duram 60 minutos, com excepção da ayurvédica, que custa 80€ e dura 90 minutos.

A Fugas esteve alojada a convite da Quinta M

Nome
Quinta M
Local
Santarém, Casével, Casal da Avó, Várzea de Baixo
Telefone
243448206
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