Fugas - hotéis

  • Nuno Ferreira Santos
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Quando o descanso se torna épico

Por Carla B. Ribeiro ,

Uma experiência que, ainda antes de começar, promete ser repleta de momentos únicos. Neste hotel, onde se acumula o conhecimento de quatro anos, nada é deixado ao acaso. E o nome é levado à letra.

Poderíamos chegar e atirarmo-nos de cabeça para uma cama que, em tamanho XXL, nos promete repouso para a mente e corpo. Mas neste hotel há mais a descobrir e não se resiste à tentação de, assim que se têm as formalidades da chegada cumpridas, subir às nuvens. Um exagero, decerto. Mas nada exagerada é a sensação de, lá no alto, mergulhar numa piscina com vista até onde o nosso olhar alcança. E alcança longe: até e para lá do Tejo.

O topo do Epic Sana Lisboa, que se ergue por nove pisos, é a cereja no bolo. Aqui, uma piscina exterior de água aquecida não se limita a ser atracção nos meses mais quentes. Bastam uns raios de sol para que as espreguiçadeiras, que ladeiam o oásis aquático, se tornem o lugar mais apetecível para os eclécticos e exigentes hóspedes. Mesmo que não se reconheçam grandes mais-valias na paisagem à volta. Além disso, não é por se estar tão longe do centro da acção que as coisas são menos movimentadas. A ajudar neste compromisso, um bar onde, além de se encontrar uma carta bem composta de cocktails, são servidas refeições leves e snacks ao longo de todo o dia.

Inaugurado no mesmo ano que o Myriad, o Epic Lisboa, localizado junto às Amoreiras, acaba de soprar quatro velas (abriu as portas, ainda a meio gás, a 7 de Março de 2013). Exibindo cinco estrelas, tem missão distinta do ex-líbris do grupo que impõe a sua presença em forma de uma gigantesca vela no Parque das Nações. Mas nem por isso o seu crescimento foi relegado para segundo plano.

Com a mesma dupla que desenvolveu o Myriad e o Epic Algarve, o Epic Lisboa resulta de um projecto de arquitectura de Nuno Leónidas, com interiores idealizados por Teresa Leónidas. E basta que já se tenha estado num espaço pensado pelos dois para nos sentirmos de alguma forma em casa. Aliás, nem isso é necessário. Tudo no trabalho desta dupla é uma busca incessante por um conforto que só se consegue encontrar em casa. Observa-se isso no luxo, por vezes até ostensivo, do Myriad ou na simplicidade requintada do resort algarvio. O Epic Lisboa está um pouco entre ambos. Ecléctico e urbano, há luxos de sobra para quem os aprecia, mas apresentados de tal forma descomplicada que não ofende quem os dispensa.

Por fora, o hotel parece estar ali desde sempre. Ou pelo menos desde meados da década de 1980, quando os edifícios que rodeiam o Centro Comercial das Amoreiras — uma arquitectura ousada para a época que valeu a Tomás Taveira um Prémio Valmor — alteraram substancialmente a forma como Lisboa se apresentava, sobretudo para quem chegava de sul. Não chocando por quem ele passa, o Epic Lisboa, na Av. Eng. Duarte Pacheco e a cinco minutos a pé do Marquês de Pombal, surge de fachada contemporânea e envidraçada, conferindo interiores ultraluminosos — algo que se percebe assim que se coloca um pé no lobby do hotel e ainda antes de subir aos quartos: ao todo são 311, entre twins e duplos, alguns dos quais comunicantes e várias suítes (12 Deluxe, cinco Junior, duas Diplomáticas e uma Presidencial).

Sobriedade tecida a luz

Pelo interior, a luz é usada sabiamente e percebe-se que a ideia passa por criar ambientes acolhedores e ao mesmo tempo pouco intimistas, não criando dessa forma nenhum tipo de sentimento constrangedor. Com uma paleta de tonalidades de bege, ferrugem e azul turquesa, qualquer espaço por onde nos passeamos é airoso e espartano, quer no mobiliário quer na decoração. O facto, porém, de não haver elementos decorativos em excesso não torna menos imponentes os que foram seleccionados para integrar o espólio do hotel. Bem pelo contrário. É talvez por não termos de lidar com o ruído do excesso de informação que tantas vezes nos invade à entrada de uma unidade hoteleira que temos tempo de sobra para absorver todo e qualquer detalhe. A começar pelos enormes candeeiros, projectados pela marca portuguesa Mood, que nos obrigam a pôr o nariz no ar.

Ainda no lobby já se consegue antever o que se poderá encontrar nos aposentos. Um pouco por todo lado evidencia-se o uso de madeira, um registo que mostra a vontade de levar para dentro do hotel as árvores que dão nome à zona lisboeta. Mas este desejo acabaria por não se limitar ao uso daquele material. Um pouco por todo o hotel encontramos o desenho das folhas das árvores. Como nas serigrafias nos vidros que separam as várias salas do restaurante Flôr-de-Lis, onde nos deliciámos com o famoso brunch que, todos os domingos, parece transformar o hotel numa festa.

Mas o que torna a chegada a este cinco estrelas verdadeiramente singular é a forma simpática e familiar com que se é acolhido, uma maneira de estar entre o descontraído e o formal defendida nos hotéis com o selo Sana e que parece hoje ser uma espécie de cartão-de-visita dos mesmos. Não há funcionário que vire a cara nem pedido que não seja atendido (ou pelo menos há sempre tentativa disso) de forma expedita.

Pelos quartos volta a imperar a sobriedade cosida a ferrugem e turquesa, com Lisboa a entrar-nos pelo ninho adentro através do enorme envidraçado — apenas a lamentar a curta abertura de janela, mas um requisito neste género de aposentos.

Além disso, como hotel de cidade que é, dedicando-se ao segmento dos negócios, há tudo o que se possa precisar para transformar o quarto num escritório improvisado, mas bem apetrechado: mesa, ligações, sistema de som, Internet gratuita e, não menos importante, máquina de café. Na casa de banho, os produtos primam pela qualidade e, no que diz respeito a conforto, não houve quaisquer poupanças: a roupa de cama, explicam, é 100% algodão de 300 fios, as almofadas (há menu, mas ficámos satisfeitos com as existentes) lembram nuvens e o colchão molda-se ao nosso corpo de tal maneira que nos leva a dormir bem para lá da hora. E razões para acordar cedo não faltam, não fosse o pequeno-almoço digno de ser chamado de banquete.

Mas, de brunch marcado, preferimos deixar os sonhos esfumarem-se só depois de o sol ir alto, para depois nos dedicarmos a explorar o hotel e a prepararmo-nos para a miríade de gulodices que se segue. Para tal nada melhor que uma visita ao Sayanna Wellness que se espraia pelos 1700m2 do piso -1. Por aqui, há centro de fitness equipado com modernas máquinas e onde se pode completar uma sessão de treino. O relaxamento chega com um banho turco, um tempo na sauna ou umas braçadas na piscina interior (esta última, já se sabe: se o tempo estiver a favor é de trocá-la pela concorrente ao ar livre no topo do hotel). Há ainda um completo menu de tratamentos que se aconselha experimentar — já o fizemos e não nos arrependemos. Da mesma maneira, damos esta experiência por concluída com a certeza que o nome escolhido para o hotel não poderia ser mais apropriado.

Domingos em família à volta da comida

Um brunch é por definição uma refeição tomada a meio da manhã, que serve de pequeno-almoço e almoço, combinando alimentos habitualmente servidos em ambas as refeições. E, apesar de o nome ser um estrangeirismo, em Portugal a prática já foi de tal forma absorvida que a palavra surge em vários dicionários de português.

No Epic, o brunch de domingo, lançado há dois anos, já é uma instituição e atrai não só vários hóspedes como muita gente da cidade que opta por esta solução para o momento familiar da semana. Até porque está tudo pensado para ser uma ocasião verdadeiramente épica, inclusive para os mais pequenos, que têm à disposição um espaço exclusivo onde, além de puderem alinhar no mundo dos videojogos, podem receber pinturas faciais ou participar em workshops culinários com os chefs do hotel.

Enquanto os miúdos se divertem numa sala contígua, pelo espaço do restaurante o ambiente é descontraído e embalado por música ao vivo. Mas a verdadeira razão pela qual não se pode dispensar esta experiência marca presença pelas várias bancadas no centro do espaço. São dezenas de propostas, idealizadas pelo chef do Flor-de-Lis, Patrick Lefeuvre, que vão desde as fofas panquecas ou os clássicos ovos mexidos até uma selecção de três ou quatro pratos quentes: lombinho de porco à portuguesa, bacalhau assado com broa de milho, batata a murro e legumes, chow mein de legumes. Pelo meio, há muitas saladas a experimentar (de polvo, de tomate e mozzarella, russa e rillette de salmão, de batata com chouriço, de legumes assados, de couve roxa, beterraba e sementes de abóbora, de mexilhão, de bacalhau...), fruta fresca, uma selecção variada de queijos e iogurtes caseiros, travessas reluzentes de sushi e sashimi, miniaturas de salgados aos quais não resistimos. Para rematar, há bolinhos e sobremesas, entre os quais não faltam clássicos como as farófias, o leite creme ou a mousse de chocolate.

O brunch, que se realiza todos os domingos, entre as 12h30 e as 16h, tem um custo de 35€ por adulto e de 17,50€ para crianças dos sete aos 12 anos (até aos seis anos não pagam), sendo o estacionamento gratuito. A marcação prévia não é obrigatória, mas muito recomendável (tel.: 211 597 300; flordelis@epic.sanahotels.com).

A Fugas esteve alojada a convite do Epic Lisboa

Nome
EPIC SANA Lisboa Hotel
Local
Lisboa, Lisboa, Av. Engenheiro Duarte Pacheco, 15
Telefone
211 597 300
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