Fugas - motores

  • Rita Chantre
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Alternativa séria aos suspeitos alemães do costume

Por Luis Filipe Sebastião

A configuração imponente do Jeep Grand Cherokee aproximou-se dos concorrentes e promete intrometer-se na renhida luta dos todo-o-terreno mais exclusivos. O principal trunfo reside na imagem mítica e no preço competitivo dentro da categoria.

O novo Jeep Grand Cherokee ostenta um visual mais próximo dos SUV (Sport Utility Vehicle) alemães, mas preserva aspectos do carácter muito próprio do lendário modelo americano. No mercado nacional está disponível com uma muito competente motorização turbodiesel de 3.0 litros, com 241cv, na recheada versão de equipamento Limited.

Se Jeep é sinónimo de jipe, o Grand Cherokee assume-se como um dos porta-estandartes da exclusividade no grupo Chrysler, actualmente detido pela Fiat, e esta quarta geração do mítico modelo está mais apelativa em termos visuais.

O espírito de aventura é incompatível com requinte? Por fora e por dentro, este SUV americano topo de gama confirma que não. Desde logo pelas aplicações cromadas exteriores, no portão traseiro ou na expressiva grelha. As tradicionais sete ranhuras estão enquadradas pelos faróis de formato rectangular e com luzes de tecnologia bi-xénon. No interior sobressai a melhoria dos revestimentos e a qualidade percebida de montagem. No entanto, alguns plásticos, ainda que de boa aparência, poderão riscar-se e produzir eventuais ruídos parasitas, passado o tempo do "cheiro a novo".  

A configuração compacta, mais próxima do estilo dos concorrentes germânicos, consegue dissimular o aumento de dimensões, bem aproveitado para proporcionar maior desafogo interior. Se o espaço para os ocupantes posteriores melhorou, a generosa capacidade da bagageira de 782 litros pode crescer até aos 1554 litros, através do rebatimento dos bancos traseiros. O compartimento de carga possui diversas soluções para ajudar a acomodar objectos mais pequenos, embora o acesso se mostre algo elevado. Aliás, espaços para guardar tralha miúda não faltam. Da carteira aos óculos, sem esquecer o telemóvel, tudo parece ter o seu lugar.

Uma vez pressionado o botão da ignição, o bloco turbodiesel 3.0 litros V6 desenvolve de mansinho uma potência de 241cv e um binário de 550 Nm a partir das 1800 rotações. O som roufenho sobe de tom na devida proporção do fulgor obtido quando se pisa o pedal mais à direita, mas no cômputo geral surpreende pela suavidade de funcionamento e resposta linear mesmo nas situações mais exigentes. Isto apesar de a transmissão automática de cinco velocidades não ser das mais rápidas.

A eficácia dinâmica, assente sobre o sistema de tracção integral permanente Quadra Trac II, beneficia de uma embraiagem multidisco central e de uma caixa de "redutoras", que permite tirar proveito de umas escapadelas por trajectos fora de estrada. O sistema de suspensão independente de braços transversais à frente e multilink atrás proporciona um elevado padrão de conforto e bom apoio em curva, ajudando a minimizar o efeito bamboleante da carroçaria. Os pneus montados na unidade ensaiada (Kumho) é que pecam pelo fraco desempenho no asfalto e reduzidas capacidades trialeiras.

Por seu turno, o sistema Selec-Terrain possibilita a selecção, através de um simples botão rotativo na consola central, de cinco opções de tracção: Sport (para estrada), Snow (neve ou gelo), Auto (em asfalto e terra), Sand/Mud (limita o patinar das rodas em areia e lama) e Rock (controlo acrescido sobre pedras). Estes cinco modos coordenam de forma electrónica 12 sistemas de gestão do veículo para um desempenho mais adequado ao tipo de piso ou de condução. Porém, o sucesso de um comportamento mais radical depende da conjugação com o sistema de amortecimento pneumático Quadra-Lift - opcional não disponibilizado na viatura ensaiada -, assim como a também ausente transmissão Quadra-Drive II, que tira proveito do diferencial traseiro autoblocante.

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