Fugas - motores

Daniel Rocha

O quarentão está aí para as curvas

Por Carla B. Ribeiro

O Honda Civic faz 40 anos e celebra o aniversário com uma nova geração que se afirma na elegância e num desempenho cada vez mais amigo do ambiente.
Quarenta anos é idade de respeito e a Honda não quis deixar passar em branco o aniversário redondinho de um dos seus mais populares automóveis. Vai daí, chegou com a 9.ª geração do Civic, que já anda pelas estradas lusas, atraindo olhares nada discretos. O que nem é de espantar: se é verdade que este redesenhado Civic não cria qualquer fosso com o modelo que o antecede, também é notório um passo em frente - o presidente da marca nipónica fala mesmo em "evolução revolucionária", considerando que esta geração como que saltou um passo - mais a nível técnico do que da aparência exterior ou interior. Mudanças que nasceram a partir da opinião dos fiéis condutores do Civic que, ao longo de quatro décadas, já vendeu 20 milhões de unidades (86 mil em Portugal), chegando mesmo a assumir uma posição de quase carro de culto.

Assim que se entra no habitáculo percebe-se que pouco foi deixado ao acaso: a começar pela textura suave do volante e prosseguindo por todo o veículo. Está tudo a um toque de distância e é fácil descortinar as suas várias funcionalidades. Ajeita-se o banco, afinam-se retrovisores, acerta-se o volante. Tudo sem se sair um centímetro do mesmo sítio. E, assim que se engata a marcha atrás, fica-se a conhecer uma das mais-valias desta nova geração: uma câmara traseira, incluída de série no nível de equipamento Sport.

É, de facto, complicado descortinar o que se passa lá atrás, com o vidro cortado a meio pelo aileron. Mas tirar este aspecto do Civic era como que lhe cortar meia alma. O redesenho da traseira conferiu-lhe também um efeito mais sofisticado. Já a sua frente ganhou em agressividade e na grelha cromada que assume um lugar de destaque - e que, no diesel 2.2, fecha a partir dos 40 km/h, contribuindo para melhorar a aerodinâmica.

Com tudo a postos, o arranque é suave e, embora os 100cv, que o bloco 1.4 a gasolina que conduzimos debita, não se sintam numa primeira abordagem (até porque, para se revelarem na sua totalidade, precisam de 6000 rotações), é notório que apelam para que lhes soltem as rédeas antes de revelarem as prestações de que serão capazes.

Acabamos, porém, por refreá-los ainda mais ao optar pelo modo ecológico - basta pressionar um pequeno botão para que a resposta do carro se altere e passe a reagir com vista a reduzir emissões e consumos. E é verdade que o consumo médio vê-se a diminuir (e, com o custo da gasolina actualmente a posicionar-se perto de 1,80€ por litro, esta não é uma característica a desconsiderar), mas também as prestações se tornam pouco atraentes: nos semáforos não se solta e em subidas acentuadas vai ficando para trás, pedindo uma mudança abaixo... e outra.

Uma função, portanto, a evitar em estrada, particularmente se há ultrapassagens rápidas a efectuar. Mas é aqui que o carro mostra outra qualidade: a precisão da direcção em curva somada à estabilidade, à qual não será indiferente o facto de o Civic estar ligeiramente mais baixo e largo (já em comprimento cresceu 4,5cm), proporcionando momentos agradáveis de condução apenas um pouco manchados pelo ângulo morto criado pelo desenho do pilar A, o que se verifica em curvas para a esquerda.

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