Fugas - motores

Pouco ruído, muito pragmatismo

Por David Andrade

Mesmo a calhar em tempos de crise: um carro para sete a menos de 15 mil euros. Como não há milagres, continua a perceber-se onde é que a Dacia poupa para conseguir valores tão aliciantes. Mas este Lodgy tem o que é preciso e até vai um pouco mais além.

A estética é tudo menos arrojada, os desempenhos não vão deslumbrar ninguém, equipamento e materiais roçam o limite do exigível. Mas o que é que isso importa? Pouco, muito pouco. O primeiro representante da nova geração de modelos da romena Dacia é, tal como os seus antecessores do emblema low cost da Renault, um veículo sensato, fiável, com pouco ruído e, acima de tudo, muito pragmático. Por isso, em tempos de crise e austeridade, a concorrência que se cuide: em Setembro chega a Portugal o Lodgy, um monovolume de sete lugares que cumpre e satisfaz com um preço imbatível.

Falar do novo Dacia Lodgy será falar, obviamente, de dinheiro. Depois do Logan, Sandero e Duster, a subsidiária da Renault lançou-se num novo segmento, o dos monovolumes compactos, e assim surgiu um familiar anti-crise que em Portugal deverá ter, no caso do motor 1.2 TCe de 115cv, a gasolina, um preço inferior a 15 mil euros, na configuração de equipamento mais básico. Tudo isso com soluções inteligentes e desempenhos competentes, que fazem o Lodgy parecer não sofrer da síndrome da "manta curta": mesmo custando pouco - a concorrência mais barata cobra, pelo menos, mais sete ou oito mil euros -, a sétima proposta da gama Dacia não desilude em termos de conforto ou segurança.

Cortando o cordão umbilical com a fábrica romena em Mioveni - que está a atingir o ponto de saturação -, a Dacia vai produzir o Lodgy na nova unidade marroquina de baixo custo da aliança Renault-Nissan, em Tanger, inaugurada em Fevereiro passado, que terá uma capacidade inicial de 170 mil veículos/ano, valores que deverão subir até aos 400 mil em 2014. E, mantendo a coerência, foi nas problemáticas estradas marroquinas que a Dacia lançou o Lodgy. O novo monovolume da marca romena foi oficialmente apresentado em Marraquexe, à imprensa mundial, que teve a oportunidade de colocar o modelo à prova nos sinuosos trilhos dos arredores da cidade marroquina, e se alguns terão inicialmente olhado de soslaio para o Lodgy, poucos não terminaram o teste agradavelmente surpreendidos com o simpático comportamento do veículo, principalmente na variante 1.5 dCi diesel de 110cv.

Comparando com a restante gama, a Dacia deu um ligeiro passo em frente e investiu um pouco mais nos acabamentos e materiais no interior. Não abdicando de ser um carro simples e prático - é essa a imagem de marca da Dacia -, o Lodgy apresenta alguns cuidados decorativos no interior e está razoavelmente dotado de equipamentos até agora inéditos nos seus antecessores. Entre eles destaca-se o Média Nav - terá um custo adicional de 430€ -, um sistema multimédia com ecrã táctil de sete polegadas (18 cm) que integra rádio com leitor de CD e MP3, ligação telefónica Bluetooth e navegação por GPS. O Lodgy terá ainda como inovações, disponíveis a partir das versões intermédias, o sensor de estacionamento, o limitador de velocidade e os comandos dos vidros eléctricos.

As formas simples, quadradas e rectilíneas da carroçaria não vão, certamente, garantir um Pritzker aos "arquitectos" do Lodgy, mas dotam o veículo de um amplo espaço interior que supera qualquer modelo concorrente. Com três filas de bancos - em Portugal apenas será comercializada a versão de sete lugares -, este modelo oferece a possibilidade de colocar no assento central três cadeiras de bebé e, com a lotação esgotada, a bagageira dispõe de 207 litros, que aumentam para 1861 rebatendo duas filas de bancos.

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