Fugas - viagens

Luís Maio

Volta a Paris em bicicleta

Por Luis Maio

Circula-se por lugares incríveis, entra-se em sítios fechados e ouvem-se histórias que não lembram a ninguém. Também se pedala um pouco, mas só para desenferrujar as pernas. São os passeios de descoberta de Paris em bicicleta mecânica, organizados pela Charms & Secrets. A Fugas experimentou como nunca antes a Cidade da Luzes

De carro é um pesadelo, de metro perde-se imensa coisa, a pé é uma canseira. A bicicleta acaba por ser o melhor meio de transporte para explorar o centro de Paris, por vezes até o mais rápido. Mas para quem não está familiarizado com o trânsito da cidade não resulta fácil, nem sequer constitui a opção mais cómoda. Andar em Paris de bicicleta? Sem dúvida, mas de preferência com conforto e na companhia de um guia que conheça a cidade como as suas próprias mãos. São essas justamente as premissas dos passeios organizados pela empresa Charms & Secrets, que quisemos experimentar.

Montámos uma bicicleta eléctrica, o que obviamente torna tudo muito mais confortável, e andámos durante quatro horas a explorar o centro da capital francesa, num percurso mais ou menos circular, que arrancou na Place Vendôme, prosseguiu para a Ópera, o Palais Royal e o Louvre, avançando depois para o Quartier Latin, até alcançar a Torre Eiffel e daí voltar ao ponto de partida. Atravessámos uma manifestação de rua, contornámos ruas congestionadas de trânsito, circulámos por sítios inacessíveis de carro. Andámos por bairros históricos e moradas mais ou menos consagradas, mas em todo o lado o que nos fez descobrir Olivier, o nosso guia em duas rodas, foi uma Paris insuspeita, desconhecida inclusive da maior parte dos parisienses.

Portas que se abrem

Numa cidade com a riqueza patrimonial de Paris o que não faltam são locais fascinantes que se mantêm em mãos privadas e não se abrem usualmente ao público, ou então que são públicos mas passam despercebidos e ninguém ou quase dá por eles. Ficam algumas dessas moradas, que aprendemos com Olivier.

Agência Central da Société Génerale

A Ópera está sitiada por bancos, entre os quais a sede da poderosa Société Génerale. As fachadas são típicas do Segundo Império, mas o que se descobre no interior é surpreendente: um gigantesco hall coberto por uma cúpula de esqueleto metálico e vidros policromados, no mais brilhante estilo Arte Nova de 1912. Desce-se um lanço de escadas e o espanto regressa, desta vez a propósito da sala dos cofres, ou melhor, da porta que dá acesso aos oito mil cofres distribuídos por quatro andares subterrâneos. Com um diâmetro exterior de 2,76 m, uma espessura de 40 cm e um peso de 18 toneladas, esta porta circular é um colosso que resume os desenvolvimentos da metalurgia em finais do século XIX, mas que impressiona tanto ou mais pelo apuro estético da sua cobertura de reflexos de ouro e prata. A Sala dos Cofres abre apenas ao público aquando das Jornadas do Património, mas o hall central da agência pode-se visitar nos horários usuais dos bancos.

Fraternidade do Santo Espírito

Já esta morada seria praticamente inacessível sem o nosso guia. Subimos uma rua do Quartier Latin (30, Rue Lhomond), tocamos a uma campainha minúscula, ao lado de um enorme portão de ferro e no momento seguinte somos admitidos num antigo convento. É ocupado pela Fraternidade (antes Congregação) do Santo Espírito, desde 1778, quando inaugurou o complexo desenhado por Charlgrin, o mesmo do Arco do Triunfo e das obras de St. Sulpice, das quais falaremos mais à frente. Inclui uma esplêndida capela barroca, mas também um refeitório e um pátio deliciosos, que parecem suspensos no tempo em que serviu de seminário de formação aos missionários coloniais.

Cour de Rohan

Um conjunto de três pátios no coração de St. Germain-des-Près, onde se encontram alguns dos apartamentos mais antigos, pitorescos e caros de Paris. Os pátios, perpendiculares à rua de St. André-des-Arts, são privados e o acesso faz-se por dois portões, quase sempre abertos ao fim do dia (mas nem sempre a outras horas). A construção foi crescendo encostada à muralha medieval e, além de segmentos desta integrados nas casas, vê-se uma torre de pedra, no interior de uma loja, correspondendo ao hotel do bispo de Rouen (século XV), de que deriva o nome do sítio. Também se encontra um pas de mule (que servia de apoio para as donzelas subirem às carruagens), um dos últimos dos 300 poços que houve em Paris, uma casa que serviu de cenário ao filme Moulin Rouge, mais aquelas em que viveram Balthus e o casal Giacommeti. Mesmo em frente à entrada principal da Cour de Rohan fica o Café Procope (13, Rue de L'Ancienne Comédie), fundado em 1686, o que o certifica como mais antigo café em actividade no mundo inteiro. Berço da Enciclopédia e da Revolução Francesa, está classificado como monumento histórico e foi recentemente restaurado ao estilo século XVIII.

Observatório Astronómico da Sorbonne

Abrandamos à passagem da Sorbonne, a universidade de Paris. Não é uma nova janela, mais uma espécie de link que Olivier estabelece ao apontar para duas esplêndidas cúpulas, que coroam a 40 metros de altura a ala direita dos edifícios de finais do século XIX. Se poucos se dão conta da sua existência, menos ainda imaginam que elas encerram um observatório astronómico, o último em funcionamento e aberto ao público em Paris. A cúpula maior abriga uma luneta de observação de 153 mm de diâmetro e 2300 mm de distância focal. Instalada no local em 1935, pertence agora à Sociedade Astronómica de França e todas as segundas e sextas à noite (desde que as condições atmosféricas o permitam) recebe grupos até cinco pessoas (a entrada custa 5€). Também se visita a outra cúpula, dois andares abaixo, que antigamente guardava uma luneta meridiana e hoje serve de sala de polimento de lentes. Uma vez aberta a coberta, proporciona vistas inebriantes sobre a Cidade das Luzes (mais informação em www.saf-lastronomie.com).

Chaminé ao lado da Torre Eiffel

Ainda não foi desta que engrossámos as permanentes filas de turistas à entrada do monumento pago mais visitado de França. Muito pelo contrário: fomos obrigados a cortar caminho com as bicicletas pelo meio da multidão, para chegar a um pequeno bosque recortado à beira do seu pilar sudoeste. Olivier conta-nos de passagem como ganhou um almoço de graça num restaurante de luxo à conta deste sítio. Apostou com um grupo de arquitectos que ao lado da Torre Eiffel há outra mais pequena. Eles andaram a examinar o terreno a pente fino, mas não deram por ela, camuflada que está pelo tal bosque (que, de resto, se encontra vedado). Mesmo assim é incrível não reparar numa chaminé em tijolo vermelho de uns bons 30 metros de altura, rematada por ameias, à maneira de um torreão de uma fortaleza antiga. À revelação seguem-se naturalmente as interrogações: porque terá sido erguida e sobretudo porque se mantém de pé esta vulgar chaminé, ao lado do principal monumento da cidade? E não será esta a tristemente célebre chaminé do estaleiro, que exalava cheiros nauseabundos e fez uma mão cheia de notáveis sair em campanha contra a edificação do "monstro" de Eiffel?

Histórias à margem da História

Estas excursões podem ser alternativas, mas não evitam os clichés de Paris. A diferença é que, em vez das histórias do costume, levam os visitantes a descobrir outras, quase sempre tão ou mais interessantes do que as primeiras. Assim de repente passamos a ler os monumentos de forma completamente diferente.

Meridiano de Paris

Fazemos escala na esplanada do Port Royal e depois na do Louvre (mesmo por detrás da pirâmide envidraçada). O propósito não é, contudo, contemplar esses monumentos, mas o espaço em volta. Nos dois lados pisamos medalhões com a mesma inscrição, a palavra Aragon com um N por cima e um S por baixo. Ninguém dá por eles, a não ser que seja fã do Código Da Vinci e é por culpa do seu sucesso que desapareceram várias dessas 120 placas, todas de 12 centímetros de diâmetro, que atravessam Paris.

Mas vamos começar pelo princípio: em meados do século XVII, o Abade Picard estabeleceu o comprimento padrão do meridiano e o rei Luis XIV mandou construir o Observatório de Paris, atravessado exactamente a meio no sentido Norte-Sul pelo meridiano estabelecido pelo astrónomo. Percebeu-se depois, no entanto, que os cálculos produzidos em função da ilha canária de Hierro não batiam certo e acabou por ser François Arago quem, nos inícios do século XIX, estabeleceu com o rigor o Meridiano de Paris. Acabou por ser suplantado pelo Meridiano de Greenwich como principal referência mundial, em 1884, embora os franceses tenham teimado em usá-lo pelo menos até aos inícios do século XX.

Em 1994, a cidade de Paris quis prestar homenagem a Arago e encomendou a obra a Jan Dibbets, artista conceptual dinamarquês a quem se deve a rede de placas. Tornaram-se célebres e pelos vistos vítimas da sua própria celebridade, quando o escritor Dan Brown decidiu fazer das ditas a chave para o seu herói Robert Langdon descobrir um antigo eixo sagrado.

Mistérios de St. Sulpice

Reencontramos a história do Meridiano, das suas conotações esotéricas e do hype provocado pelo Código Da Vinci na igreja de St. Sulpice. A maior paragem no nosso itinerário, serve de cenário a pelo menos três deambulações místicas, demasiado intrincadas para aqui reproduzir em pormenor. Recuperamos, no entanto, o essencial.

(i) St. Sulpice guarda um gnómon, isto é, um quadrante solar anual, que data de meados do século XVIII e é constituído por um obelisco em mármore branco de 10 metros de alto, uma linha no chão em latão e uma luneta num vitral do transepto sul. Acontece que o meridiano do gnómon não está alinhado com o oficial, mas esta assimetria agrada ainda mais aos místicos, que também designam o meridiano de St. Sulpice de Linha Rosa.

(ii) Quatro dos frescos que decoram as paredes da igreja são assinadas pelo artista religioso Signol (1804-1892), dois com o N no meio do seu nome invertido. Signol representa também Cristo na cruz com uma tabuleta (Titulis Crucis) de palavras invertidas, concordante com a velha tese hermética segundo a qual o Cristo que se vê na cruz não passa de uma imagem reflectida num espelho.

(iii) A luta de Jacob com o Anjo, tema do fresco monumental que decora a Capela dos Anjos, tem também sido objecto de descodificações oblíquas, que postulam as capacidades visionárias do seu autor Eugène Delacroix. Nesta leitura, o seu simbolismo prende-se com a famosa luta de Jacques de Molay, último chefe dos templários, com o rei Filipe o Belo, que acabou com o primeiro preso e enforcado, a lançar uma maldição sobre a dinastia dos reis de França, que só terminou com a Revolução Francesa. Esta maldição, supostamente lançada a 13 de Outubro de 1307, estará inclusive na base da superstição segundo a qual as sextas-feiras 13 dão azar.

Batatas nos Invalides

E à passagem dos Invalides, algo de completamente diferente: as famosas batatas de Parmantier. Famosas porque antes dele a maior parte dos franceses achavam que a batata era um alimento insípido, mais próprio para engordar porcos. Farmacêutico dos Inválidos, Parmentier descobrira as virtudes do tubérculo nos calabouços prussianos, durante a Guerra dos Sete Anos, mas de regresso a Paris não conseguiu convencer os seus concidadãos de que as batatas são tão ou mais nutritivas que os cereais. Até que pediu a Luis XVI e Maria Antonieta para semear batatas em Sablons, às portas de Paris (actual avenida da Grande Armée), fazendo guardar a plantação por um pelotão de soldados armados até aos dentes. O "tesouro" incendiou a curiosidade popular e até motivou roubos, em resumo, foi um sucesso, depois reiterado pelo histórico jantar de 21 de Outubro de 1787, nos Invalides, em que Parmentier serviu uns vinte pratos à base de batata, a um escol de convidados incluindo Lavoisier e Benjamin Franklin. O laboratório e o atelier do célebre farmacêutico conservam-se como estavam no Hôtel des Invalides.

Dicas preciosas

Não paramos sequer para um chazinho, mas Olivier aproveita todas as esquinas para recomendar moradas que (ainda) valem a pena nos bairros históricos e mais turísticos de Paris.

La Pagode

Passamos à porta do Bon Marche (24, Rue de Sèvres), o primeiro grand magazin (ou department store) francês, aberto em 1860, agora convertido num centro comercial de luxo. A paragem não é aí, mas uns metros mais à frente, à entrada do Pagode (57, Rue de Babylone), uma prodigiosa fantasia oriental mandada construir e, na verdade, completamente importada do Oriente por Monsieur Morin, o fundador do supracitado Bon Marche. Morin casou com uma mulher muito mais nova que ele, a rapariga era doida por todo o tipo de mercadorias orientais e ele decidiu oferecer-lhe o Pagode quando ela completou 30 anos de idade. Não serviu de grande coisa, porque a moça não demorou a fugir com um parente mais novo do marido para os Estados Unidos. Desgostado, Morin vendeu a propriedade, depois convertida em cinema. É agora um imóvel classificado e, seguramente, a sala de projecção mais original de Paris, bem acompanhada pela loja Cineimages, quase em frente.

Hotel des Grandes Écoles

Os pequenos hotéis românticos são um desses clichés da Paris eterna que hoje mais rareiam, sobretudo a preços aceitáveis. Olivier indica-nos, contudo, uma dessas excepções em que a tradição ainda é o que era: o Hotel des Grandes Écoles, que fica no Quartier Latin, a dois passos dos Invalides. Ocupa três edifícios articulados por um pátio interior e enquadrados pelo seu próprio jardim, à beira de uma rua medieval forrada a godos. Os canteiros floridos, o chilrear dos pássaros, a ausência de televisão, mais o papel de parede a forrar os quartos, igual ao do século XVIII, convergem para recriar um ambiente de palacete de província em plena cidade. Um ambiente, aliás, reminiscente do seu passado de alojamento para estudantes de parcos meios (daí o nome de Grandes Écoles), inaugurado em 1927. Os 51 quartos estão quase sempre ocupados, de modo que é preciso reservar com três a quatro meses de avanço (75, Rue du Cardinal-Lemoine, tel.: 00331 43267923; www.hotel-grandesecoles.com, duplos 115/140€).

Roger La Grenouille

Entrando na Rive Gauche pelo Pont Neuf chegamos a uma ruela apertada. Ao fundo há uma porta pintada com rãs de desenho animado. Parece uma loja de brinquedos mas na verdade é um bistrot especializado em cozinhar batráquios desde 1930. Chama-se Roger (como o primeiro proprietário) La Grenouille (como as rãs, em francês) e consiste numa sala longa e estreita, decorada com todo um bricabraque de cozinha suspenso do tecto, mais fotografias e posters antigos nas paredes. Já acolheu um mar de gente famosa, desde papas a rainhas, mas também já foi uma armadilha turística. Ganhou, mais recentemente, uma nova gerência, que repôs as toalhas brancas nas mesas e mandou os trastes kitsch para o lixo, ao mesmo tempo que apurou a cozinha e baixou os preços (menus a 21€, ao almoço). Voltou, portanto, a ser recomendável sob a etiqueta da cozinha tradicional francesa, em particular na especialidade de sempre, ou seja, a confecção de pratos de rã (26/28, Rue des Grands Augustins, tel.: 0033156242434).

Pierre Hermé

Grande dica para os amantes de gastronomia açucarada e em geral para os gulosos: mesmo em frente a St. Sulpice, do outro lado da praça (72, Rue Bonaparte) fica a primeira loja que Pierre Hermé abriu em Paris. Classificado como "Picasso da pastelaria" (Vogue) e genericamente aclamado como o maior criador no campo da actual doçaria francesa, Hermé foi inclusive já condecorado Cavaleiro da Legião de Honra. Entrou para essa instituição parisiense que é a Gaston Lenôtre com apenas 14 anos de idade, mas chegado a 2006 saiu para inaugurar a sua primeira loja em Tóquio, só abrindo a da Rue Bonaparte em 2001. Hoje tem sete pontos de venda em Tóquio, quatro em Paris e uma boutique em linha (http://www.pierreherme.com/). O turista guloso poderá ocupar o seu tempo em Paris circulando entre as lojas de Lenôtre e as de Hermé para decidir quem faz os melhores macarrons do mundo.

Velolib: Liberdade em duas rodas

Os programas organizados pela Charms & Secrets são uma delícia, mas duram meio-dia e estão longe de ser económicos.

Mais barato e ecológico, também mais aventuroso e inclusive mais genuíno é o Velolib, o sistema de arrendamento de bicicletas que vigora em Paris. Pedalar nos Campos Elísios em hora de ponta não será a melhor opção, mas aos domingos circula-se à vontade em todo o lado e todos os dias são domingo nos 150 quilómetros de corredores só para bicicleta, recentemente criados na cidade.

Velolib conjuga velo, que quer dizer bicicleta, com liberdade. O sistema foi introduzido a 15 de Julho de 2007, no contexto da actual política europeia de redução do número de veículos motorizados nas cidades. A empresa de publicidade J.C. Decaux pagou as bicicletas e os estacionamentos, encarregando-se agora da respectiva manutenção. Em troca tem o exclusivo dos outdoors que são propriedade da edilidade, enquanto esta cobra os alugueres dos veículos de duas rodas. O sistema depressa se popularizou, contando com mais de 200 mil assinaturas anuais e 100 mil alugueres diários, o que encorajou os promotores a mais recentemente ampliarem a área coberta a 30 subúrbios da cidade.

O Velolib entrou nos hábitos dos parisienses e isso significa que os forasteiros que aderem ao programa são recompensados com a grata sensação de entrarem nessa onda e se sentirem também um pouco parisienses. Uma vantagem mais terra-a-terra é o preço imbatível. O aluguer das bicicletas de modelo único - robustas e cinzentas, sempre com um útil cestinho à frente - custa 1€ por dia, 5€ por semana, 29€ por ano. O pagamento efectuase exclusivamente por cartão de crédito. Pagar um euro com cartão de crédito pode parecer absurdo, mas é preciso acrescentar que o aluguer requer uma caução de 150€.

Os 30 primeiros minutos são gratuitos, descontando-se no cartão do utente outro euro pela primeira hora, quantia que vai crescendo ao longo de 24 horas, até totalizar os referidos 150€. Mas em princípio não há necessidade de pagar mais que o aluguer da máquina, visto que basta estacionar de meia em meia hora para beneficiar da gratuitidade do sistema - e há um parque de estacionamento para elas de 300 em 300 metros ou menos, espalhados por toda a cidade. Um parêntesis: os chineses, que são ciclistas usuais e estão agora em peso em Paris, no entanto, circulam pouco de Velolib, porque o uso de cartões de crédito ainda não faz parte dos seus hábitos culturais.

Há algumas regras a observar: as Velolib são de uso estritamente individual e não podem ser subalugadas; não devem ser tomadas aquelas que exibem o selim ao contrário (é sinal de estarem avariadas); é proibido montá-las nos passeios. Quem for apanhado a passar um sinal vermelho paga 85€, quem perder ou deixar roubar o Velolib tem uma multa de 30€. A fraqueza maior do sistema, a concentração excessiva de bicicletas em alguns estacionamentos e a sua completa ausência noutros, tem vindo a ser combatida, mas não está erradicada.

Há agora 20 carrinhas (eléctricas, para não ferir a filosofia ecológica do programa) - uma por cada divisão ou arrondissement da cidade, encarregadas de repor esse equilíbrio. Mas é evidente que, por exemplo em Montmartre, há muito mais gente que quer descer de bicicleta do que aquela que está disposta a subir, isto apesar dos 15 minutos de bónus gratuito no segundo sentido. Cada estacionamento oferece, no entanto, a indicação do mais próximo onde há lugares livres e, é preciso reconhecê-lo, o Velolib, funciona bem melhor do que a maior parte dos programas de aluguer de bicicletas em vigor por essa Europa fora.

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