Fugas - vinhos

A consagração dos vinhos centenários

Por Pedro Garcias

A prova de vinhos fortificados com que culminou o 1.º Encontro e Prova Internacional de Vinho, realizado na semana passada em Celorico da Beira, distinguiu o Moscatel de Setúbal Apoteca 1905, da José Maria da Fonseca, o Porto Vintage A.A. Ferreira Garrafeira 1863, da Sogrape, o Porto Tawny Andresen 1910, da Andresen, e o Madeira Malvasia 1875 do Garrafão Nº 2, da casa Barbeito, como os melhores vinhos em apreciação nas respectivas categorias.

Nove sommeliers internacionais, alguns com o grau de mestre, e três críticos ingleses (Sara Ahmed, Jamie Goode e Tim Atkin) puderam provar alguns dos melhores vinhos jamais feitos em Portugal, muitos deles autênticas raridades e de qualidade universal, e deixaram-se encantar pelos vinhos mais antigos. Ao todo, estiveram em prova 10 moscatéis, 15 tawnys, 10 vintages e oito vinhos Madeira.

Na primeira categoria, o Apoteca 1905, da José Maria da Fonseca, impôs-se ao Moscatel Roxo 20 anos, da mesma empresa, e ao Bacalhôa Moscatel de Setúbal Superior 1983, da Bacalhôa Vinhos. Nos Porto Vintage, o A. A. Ferreira Garrafeira 1863 foi secundado pelo Borges Vintage 1963 e pelo Sandeman Vintage 1963. Nos Porto Tawny, o Andresen 1910 foi o vinho mais pontuado, logo seguido do Poças Colheita 1964 e do Kopke Colheita 1937. Nos vinhos Madeira, o Bual 1963, da Madeira Wine Company, e o Justino's Terrantez 1978, da Justino's, repartiram o pódio com o Malvasia 1875 do Garrafão Nº 2, da Barbeito, que foi o mais votado.

Perante a qualidade dos vinhos em prova, custa a perceber a pouca notoriedade e prestígio que Portugal continua a ter nos principais mercados internacionais. O caso mais flagrante é o de Inglaterra, onde até o Líbano vende mais vinho, conforme sublinhou Sara Ahmed na sua palestra, no dia de abertura do encontro. A boa notícia é que as vendas de vinho português naquele país registaram subidas significativas em 2010, tanto em volume como em valor.

Se algo de relevante saiu do encontro foi a certeza de que os vinhos fortificados, desde o Madeira ao vinho do Porto, passando pelo Moscatel, continuam a ser as grandes bandeiras de Portugal. A tendência actual de consumo até pode estar a penalizar este tipo de vinhos, devido ao seu volume alcoólico, mas os vinhos fortifi cados podem ser essenciais para o reforço do prestígio dos vinhos de mesa nacionais, da mesma maneira que os vinhos de mesa de qualidade podem ajudar a vender os vinhos fortificados. É, de resto, o que está a acontecer no Douro, como salientou Dirk Niepoort, com a maioria das casas de vinho do Porto a apostarem também no vinho de mesa e os produtores mais renomados de vinhos tranquilos a enriquecerem o seu portfolio com algumas categorias especiais de Porto.

--%>