Fugas - vinhos

Festa do vinho

Por Rui Falcão

Aproveite o próximo fim-de-semana para descobrir e provar livremente as principais novidades do mundo do vinho português, representativos do melhor que se faz em Portugal, naquela que é uma das principais montras do vinho nacional.

Está quase a chegar o primeiro alto vínico do ano, a grandiosa festa do vinho celebrada no Palácio da Bolsa, no Porto, pela Essência do Vinho. A data está certamente há muito reservada na agenda de todos os apreciadores de vinho, abraçando a tradição já vasta de oito anos que assegura o certame na transição do mês de Fevereiro para Março. É um acontecimento excepcional no Porto, consagrando uma amostra alargada e sólida dos melhores e mais representativos vinhos que se produzem em Portugal.

A festa terá início já na próxima quinta-feira, dia 3 de Março, mantendo-se em pleno até domingo, no magnífico cenário do Palácio da Bolsa, no centro da Invicta. Muito mais que um evento destinado a profissionais ou a enófilos diplomados, àqueles que tratam o vinho por tu, é uma festa de celebração do vinho português, num evento aberto a todos, promovendo uma amostra do que melhor se faz em Portugal, Uma montra proveitosa para todos os que se interessam pelo mundo do vinho, de forma mais ou menos diligente, sejam eles profissionais, enófilos esclarecidos, simples interessados, principiantes ou meros curiosos que despertam agora para os encantos do vinho.

Há de tudo para todos! A Essência do Vinho, tal como o seu congénere de Lisboa, o Encontro do Vinho e Sabores, constitui uma oportunidade única para descobrir produtores de todo o país, do continente e ilhas, dos vinhos de mesa aos vinhos generosos, provenientes de todas as denominações de origem, expondo vinhos de todos os estilos imagináveis, brancos, rosados, tintos, espumantes, licorosos, Moscatel, Madeira, Porto, vinhos de colheita tardia... e outros que a imaginação do homem possa acrescentar.

Na Essência do Vinho terá ocasião de provar uma imensidão de vinhos, alguns de acesso difícil, consequência de produções escassas, quase liliputianas, ou de preços elevados, mediante um bilhete de entrada vendido a um preço quase simbólico de apenas doze euros! Ganha ainda a possibilidade de poder provar em primeira mão, por regra na companhia dos comentários de enólogos e/ou produtores, colheitas novas, algumas das quais poderá prever antes de serem colocadas no mercado, permitindo-lhe deduzir, com antecipação, uma visão global dos vinhos que se fazem em Portugal e aperceber-se das tendências de mercado.

Por fi m, naquele que será para muitos dos presentes o ponto mais alto de toda a celebração, há que somar as "provas especiais", divididas em provas premium e super premium, sessões de participação limitada que obrigam a uma inscrição prévia, momentos únicos de partilha de vinhos exclusivos com o aliciante extra da presença e comentário de críticos, enólogos e produtores dos vinhos apresentados. As provas imperdíveis abundam, com a escolha a apresentar-se problemática face à riqueza das propostas.

Na quinta-feira inaugura-se a festa com uma prova vertical dos destacados Chryseia, apresentando todas as colheitas já engarrafadas, 2008, 2007, 2006, 2005, 2004, 2003, 2002 e 2001, numa prova comandada pelas mãos avisadas do duo formado por Bruno Pratts e Charles Symington, os dois pais da criança. Na sexta-feira, dia 4, as atenções terão de ser divididas entre uma prova onde serão apresentados diversos vinhos raros generosos, visitando o Vinho do Porto, Madeira e Moscatel, numa viagem que promete ser deliciosa, e a apresentação de Vinho do Porto Vintage muito velhos, alguns com quase dois séculos de vida, nascidos ainda no tempo de D.

Antónia Ferreira, com passagem pelos anos de 1863, 1847 e, pasmese, 1834! No sábado destacam-se, pela qualidade ímpar dos vinhos e pela forte improbabilidade de a prova poder vir a ser repetida num futuro próximo tendo em conta a escassez de muitos vinhos em prova, apresenta-se a prova vertical dos Porto Colheita do pequeno produtor Andersen, especializado em Vinho do Porto do estilo Colheita, prenunciando uma visita inebriante pelas colheitas dos anos 1997, 1995, 1992, 1991, 1982, 1980, 1975, 1970, 1968, 1963, 1937, 1910 e 1900, treze colheitas extraordinárias que terminam na apoteose de um Porto acabado de celebrar um século de vida... a que se soma o irmão mais velho, já com um século de vida de remanso da madeira... a que se soma mais uma década de evolução em garrafa! Mas o sábado não se desvanece sem antes consagrar outras duas provas que se adivinham memoráveis, divididas entre a prova comentada do Ferreirinha Reserva Especial 2003, conduzida e ilustrada por Luís Sottomayor, o enólogo responsável pelos vinhos da Ferreirinha, e a prova vertical dos sempre fascinantes Duas Quinta Reserva, da Ramos Pinto, verdadeiros ícones dos vinhos nacionais, precursores da revolução dos vinhos durienses, numa prova abrilhantada pela presença e condução de João Nicolau de Almeida, o pai moral e material destes vinhos extraordinários.

No domingo, relevo evidente para a prova comparativa dos vinhos borgonheses da Chanson Père & Fils, numa acção dirigida por Raul Riba d'Ave, importador dos vinhos da casa. Para além dos vinhos em prova e das provas especiais, a Essência do Vinho promete ainda um conjunto alargado de acções paralelas, incluindo debates, conversas informais, workshops, jantares e harmonizações entre vinho e gastronomia, numa aliança entre produtores e chefes consagrados.

Motivos de sobra para dedicar este fim-de-semana ao vinho!

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