Fugas - vinhos

Os vinhos são exclusivamente vendidos nos hotéis do grupo Alexandre Almeida: aqui o Palace Hotel do Bussaco

Os vinhos são exclusivamente vendidos nos hotéis do grupo Alexandre Almeida: aqui o Palace Hotel do Bussaco Carla Carvalho Tomás

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Um Premier Cru português

Numa quadra em que os vinhos de mesa engarrafados continuavam a ser a excepção, mantendo-se o vinho a granel como referência, Alexandre de Almeida projectou e materializou os vinhos do Bussaco, patrocinando o consórcio entre as vinhas da família, plantadas no sopé da serra do Bussaco, e as uvas compradas a terceiros, escolhidas na Bairrada e Dão, transformando a cave do Palace Hotel do Bussaco na lendária adega da casa onde continuam a repousar em sereno descanso os grandes vinhos do Bussaco.

Presentemente, apesar de persistir um eremítico exemplar de 1917, as garrafas mais antigas à disposição datam de 1923, conquanto não acessíveis ao público. Porém, se se dirigir ao restaurante do hotel, saiba que na carta poderá desfrutar ainda hoje de colheitas tão antigas como 1944 nos vinhos brancos e 1945, o ano do final da Segunda Guerra Mundial, nos vinhos tintos, bem como de muitos outros vinhos, brancos e tintos, das décadas de 50, 60, 70, 80 e 90, até às colheitas mais recentes de 2007, nos brancos, e 2006 nos vinhos tintos.

Será fácil, e quase inevitável, recear sobre a valência dos vinhos mais antigos, sobre a qualidade e viabilidade das colheitas mais remotas, desconfiar sobre o potencial e patamar de envelhecimento de vinhos tão pouco conhecidos e divulgados. mormente dos vinhos brancos, aqueles que, por tradição, levantam maiores incertezas sobre a guarda. Curiosamente, e em muito recente prova vertical nas caves do Palace Hotel do Bussaco, foram precisamente os vinhos brancos que mais me emocionaram e sobressaltaram. Sem qualquer desprimor para os tintos do Bussaco, maravilhosos por si só, verdadeiramente assombrosos em colheitas como 1960 ou 1958, foram os brancos que me assombraram de forma irreparável.

Raramente tenho ocasião de poder provar, em qualquer parte do mundo, vinhos tão jovens e vibrantes, tão austeros e dignos, tão precisos e rigorosos como os brancos do Bussaco.

Entre dois belíssimos vinhos jovens das colheitas de 2001 e 2000, diferentes no estilo mas profundamente fenólicos, minerais e densos, gigantes na estrutura, e as colheitas muito mais anciãs, de 1956 e 1955, impressionantes na frescura e dimensão, no final explosivo e incisivo, ainda jovens, duros e secos, percebe-se uma constância e continuidade no estilo, uma consistência e regularidade a que raramente os vinhos portugueses podem almejar.

Um ícone dos vinhos portugueses que poderia, e deveria, ser mais utilizado na promoção dos vinhos nacionais.

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