Quem a quiser provar na sua plenitude pode intercalar entre os excepcionais Quinta das Bágeiras Garrafeira, Sidónio de Sousa Garrafeira, Luis Pato Vinha Barrosa e Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria, este último com uma Baga diferente, sita já fora da denominação Bairrada, numa abordagem ligeiramente diferente da casta. Comecemos então por este último, pelo Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria 2007, um vinho que por ora ainda se apresenta fechado a sete chaves, quase brutal na força dos taninos, austero e grave como se impõe nesta fase imberbe da adolescência. Mas a fruta deliciosa de uma vinha velha de oitenta anos marca já presença segura, amparada por uma estrutura gigantesca e por uma acidez perfeita que lhe asseguram um futuro radioso. A Baga num registo imperial!
O Luis Pato Vinha Barrosa 2009, nascido de um ano excepcional na Bairrada, um vinho de uma só vinha de um dos maiores promotores da casta, Luís Pato, denuncia-se como um pequeno monstro à solta, dominado por uma estrutura de taninos férrea que o conduz para uma evolução notável, um tinto gigante na dimensão e poderoso na estrutura, másculo e tenso, ainda rude mas com uma capacidade de crescimento em garrafa que se antevê brilhante. Um dos grandes Vinha Barrosa, naquela que terá sido uma das melhores colheitas de sempre desta vinha.
O Sidónio de Sousa Garrafeira Última Edição 2005 expõe uma história triste sobre a última vindima de uma vinha centenária da casta Baga, arrancada depois deste vinho rematado. Um tinto incrivelmente poderoso, um gigante da natureza de dimensão demencial. Bruto, mau, sólido, intransigente, interminável, é um hino à tradição dos grandes vinhos bairradinos, uma ode à inconformidade e aos vinhos originais. Um grande vinho do mundo que necessita de abertura de horizontes para poder ser plenamente compreendido e aceite.
Finalmente, o Quinta das Bágeiras Garrafeira 2004, onde se descobre uma combinação quase perfeita entre rusticidade, secura, frescura e vigor, garantindo um tinto duro mas franco, capaz de viver e crescer em garrafa durante mais de duas décadas. Não é um vinho consensual, não é um vinho para principiantes, não é um vinho fácil, mas é certamente um vinho fundamental na educação e evolução do gosto.
Todos difíceis, todos complexos, todos repletos de carácter... e todos prontos a exigir algum esforço de adaptação. Mas um exercício cheio de venturas.