Numa sociedade que cada vez mais impõe refeições rápidas e que vive obcecada com a contagem de calorias e com a criminalização do consumo de álcool, que vê instituído o controlo de taxa de alcoolemia, são cada vez mais raras as ocasiões que justifiquem o consumo de uma garrafa inteira. O vinho a copo é evidentemente, a solução óptima.
Mas sobretudo, para que a partilha de um vinho seja praticável, é fundamental que a escolha de pratos entre os vários parceiros da mesma mesa seja coerente. Não é fácil criar harmonias convenientes para todos os comensais. Numa refeição a dois ou mais, onde as escolhas de pratos podem variar entre marisco e um prato de feijoada, entre o arroz de peixe e o arroz de cabidela, não será fácil encontrar um vinho consensual que estabeleça pontes de prazer entre todos. O vinho a copo é evidentemente, a solução óptima.
A escolha de uma garrafa de vinho que se revele consensual entre todos é um conceito especialmente desafiante nos restaurantes de cozinha de autor, onde são habituais os menus de degustação com presença de cinco ou mais pratos, permitindo conjugações dispersas de sabores e pontos de cozedura. Menus de degustação que frequentemente vivem da conjugação de sabores singulares e contrastantes, convertendo a escolha de um vinho único para acompanhar toda a refeição numa missão impossível. O vinho a copo é evidentemente, a solução óptima, permitindo eleger um copo de vinho diferente para cada prato ou conjunto de pratos.
E claro, para além de todas estas vantagens práticas e logísticas, o serviço de vinho a copo possibilita ainda poupanças substanciais ao cliente, permitindo que por vezes alguém se alargue a pequenas extravagâncias em vinhos mais caros que nunca ousaria pedir se tivesse de pagar por uma garrafa inteira. O vinho a copo é uma comodidade que, esperemos, veio para ficar, um conforto para consumidores e restauração, permitindo uma flexibilidade de que é difícil prescindir. É fácil, intuitivo e pragmático. É também uma forma expedita de poder provar vários vinhos numa refeição, de ter acesso facilitado a novidades, de poder experimentar vinhos em que normalmente não arriscaria. Como é que não tínhamos pensado nisto antes?
É claro que, para uma implantação correcta do princípio é fundamental assegurar uma boa rotação dos vinhos para obviar a oxidações precoces. Recorrendo a sistemas caros e sofisticados ou com o recurso a sistemas caseiros de vácuo ou de gás inerte, o fundamental é saber rodar os vinhos, oferecendo uma selecção atractiva, promovendo o consumo activo do vinho a copo. A palavra de ordem é flexibilidade.