A Quinta do Cardo tem uma característica que a distingue de todas as outras. Plantada no meio do grande planalto ibérico, na zona de Figueira de Castelo Rodrigo, a uma altitude que ronda os 700m, é a vinha mais alta do país. Isto permite características diferenciadoras, com vinhos mais frescos e frutados e em linha com as tendências actuais do gosto dos consumidores, principalmente no que toca aos mercados americano e do norte da Europa.
A propriedade da Beira Interior faz parte da Companhia das Quintas, o grupo de Miguel Paes do Amaral que integra ainda a Quinta da Romeira (Bucelas), Herdade da Farizoa (Alentejo), Quinta de Pancas (Alenquer) e a Quinta da Fronteira (Douro). Começou por se destacar através dos brancos, onde predomina a casta Síria, mas também a aposta consistente na produção de tintos começa agora a dar frutos. "É uma região mal estimada, mas sempre acreditámos nos tintos. Têm uma boa frescura de boca, quase mentolada", como destaca João Corrêa, o responsável pela coordenação da enologia do grupo.
A coroar a evolução que era já visível nos últimos anos, a Quinta do Cardo decidiu lançar agora o seu primeiro tinto de topo, o Grande Escolha 2009. São cerca 6000 garrafas que estão a sair para o mercado, com o preço indicado de 19,90 euros, um vinho trabalhado pelos enólogos João Corrêa e Nuno do Ó, composto pelas castas Touriga Nacional (70%) e Tinta Roriz (30%), que lhe conferem um interessante equilíbrio entre complexidade e frescura.
E pode dizer-se que o êxito chegou mesmo antes da prova de mercado. Já em Dezembro a equipa do guru da crítica mundial, Robert Parker, o classificava com 93 pontos. "O melhor de sempre da Quinta do Cardo", concluía Mark Squires, o critico para os vinhos portugueses da Wine Enthusiast. Ou não tivesse sido essa a percepção dos responsáveis da Quinta do Cardo ao escolhê-lo como o primeiro Grande Escolha.
Cativa pelo aroma mineral e terroso, mas também pela fruta fresca que destaca na boca. Tem boa estrutura, elegância e parece nunca cansar o palato, característica que torna os vinhos gulosos e apelativos. Um daqueles vinhos que não temos como não gostar: agrada em todos os aspectos e não cria complicações na hora de o levar à mesa.
Para a apresentação, na semana passada no restaurante The Yeatman, em Gaia, a Companhia das Quintas juntou o outro Grande Escolha do seu universo, o Quinta da Fronteira 2009. Este vinho, de carácter marcadamente do Douro Superior, é elaborado na propriedade de Barca d'Alva, adquirida em 2009 pelo grupo de Paes do Amaral. Junta mostos das castas Touriga Nacional e Touriga Franca, procurando balancear a complexidade e potência da primeira com a acidez fresca da segunda. A produção é de 5000 garrafas, com o preço indicativo de 26,50 euros.
Após 18 meses de estágio em barricas novas de carvalho francês, denota boa complexidade e concentração, com as notas de fruta preta, associadas a madeira e algum tabaco, a marcarem-lhe o carácter. Jorge Serôdio Borges, o enólogo, prevê que estará no auge dentro de seis, sete anos, mas não será de todo má ideia saboreá-lo desde já.