Em ano de comemoração do seu 25.º aniversário, as Festas de Lisboa convidam a um olhar sobre o passado e a uma reinvenção de algumas das tradições de Lisboa pelos espectadores, que se querem também criadores. Às famílias, associações e colectividades é lançado um desafio: que recriem tronos de Santo António e os exponham nas ruas, junto às suas portas, onde todos possam vê-los e fotografá-los.
O programa das Festas de Lisboa, que vão ter lugar entre 30 de Maio e 4 de Julho, foi apresentado esta quarta-feira. Na ocasião, a presidente da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) enunciou os principais “eixos” da programação daquele que se tem afirmado como “um dos maiores eventos de animação urbana, não apenas de Portugal mas da Europa”.
Entre esses eixos, Joana Gomes Cardoso destacou “um olhar para o passado, para a história, para o património material e imaterial” de Lisboa, olhar que a EGEAC propõe que se faça “não necessariamente de forma nostálgica, mas como meio de compreender o passado e projectar o futuro”.
É aí que se encaixa o convite feito aos lisboetas para que dêem o seu contributo para a “apropriação e reinvenção” de “uma tradição antiga da cidade, que se foi perdendo”: a da criação de altares domésticos, conhecidos como tronos, em honra de Santo António. A estrutura, que caberá depois a cada um decorar a seu gosto, pode ser levantada no Museu de Santo António, onde estará disponível “um pequeno guia com instruções”, como explica Joana Gomes Cardoso.
A expectativa da presidente da empresa municipal é que esse desafio abra a porta a “uma experiência inter-geracional”. Depois de decorados, os tronos devem ser expostos nas ruas da cidade, nos dias 30 e 31 de Maio, estando previsto o desenho de um mapa com os locais onde eles podem ser vistos e a edição de um roteiro com o registo fotográfico. Junto ao Museu de Santo António, na Sé, vai ser colocado um trono com mais de dois metros de altura.
Sempre a Andar em Festa
Recordando que quando as Festas de Lisboa nasceram em 1990 o então presidente da Câmara de Lisboa, Jorge Sampaio, as anunciou como “uma aposta nas pessoas”, Joana Gomes Cardoso sublinhou a importância do “envolvimento da sociedade civil” e o seu desejo de que os “espectadores” sejam também “criadores”. Nesse sentido, a EGEAC tem promovido ao longo dos anos várias “consultas públicas”, para “as inevitáveis sardinhas” e também para a iniciativa Andar em Festa, das quais a dirigente entende que têm saído “ideias muito inovadoras e frescas”.
No caso do Andar em Festa, que quer surpreender com momentos de música, performance e artes visuais em lugares pouco convencionais, este Verão as criações artísticas (que nas últimas edições tinham ocupado os transportes públicos de Lisboa) vão desenvolver-se em quatro escadarias: na da Alameda D. Afonso Henriques e nas de acesso ao Panteão Nacional, ao Miradouro da Rocha Conde de Óbidos e ao Jardim de São Pedro de Alcântara.
E como “não há festas sem música”, como nota a presidente da EGEAC, entre 30 de Maio e 4 de Julho não faltarão actuações musicais para todos os gostos nos mais variados locais da cidade. No São Luiz Teatro Municipal haverá fado, Belém vai receber o Festival Coral de Belém e os jardins de S. Pedro de Alcântara e de S. Bento e o Rossio serão palco do VIII Festival de Bandas de Lisboa. No Largo do Intendente vai ter lugar o Lisboa Mistura (no qual a música se junta à gastronomia e não só), e no Estádio Universitário de Lisboa, por ocasião do encerramento das Olisipíadas, haverá um concerto de D.A.M.A.