Esqueçamos tudo o que foi dito até agora. Se é o sol e nada mais do que o sol que faz mexer o viajante que há em cada um, então o Outono europeu ainda tem algumas opções amenas – e se está disponível para viagens mais longas, no hemisfério sul, a Primavera instala-se (e, já sabemos, nas latitudes mais tropicais o sol é constante). Factor importante em (quase) todas as opções é o preço – longe das temporadas altas, é mais fácil encontrar promoções e descansar ao sol por preços mais económicos do que no Verão, sobretudo na Europa.
Sendo o Outono na Europa imprevisível, as melhores garantias são ter o sul como direcção. À beira-Mediterrâneo as possibilidades de desfrutar de bons dias de praia – mais curtos é certo, mas quentes – são altas. No Chipre, por exemplo, o Verão teima em partir e Outubro tem temperaturas a rondar os 28 graus e água tépida. Se seguirmos para a costa do mar Egeu na Turquia ou para as ilhas gregas o cenário não muda muito — e aqui ainda temos como bónus, muitos sítios arqueológicos com entrada grátis (veja-se Creta, por exemplo).
Na costa croata, Dubrovnik promete mergulhos até Novembro aliados a uma cidade liberta das multidões que a invadem no Verão, vestida das cores de Outono (que dão outra intensidade à pedra e telhados vermelhos) e com uma programação cultural intensa – é a melhor altura para viver o cruzamento entre cidade cultural e estância balnear que a “pérola do Adriático” corporiza. E atravessando o Adriático, ancorando em Itália, Puglia é o salto da “bota”, região meridional do país, onde o calor se deixa ficar mais tempo – o mesmo se passa na Sicília, a ilha que é a bola para a bota, onde a sinuosa linha costeira guarda praias escondidas e encerra um perímetro onde ruínas gregas, romanas e cartaginesas convivem como um livro aberto sobre a antiguidade clássica (e apresenta um sumptuoso catálogo de monumentos barrocos).
E para ter a mesma mescla de praia e cultura, Malta apresenta-se como uma excelente opção: tem o mais alto número de horas de sol da Europa e a temperatura média da água do mar é a mais alta, também (20º, um valor que em Outubro e Novembro ainda se mantém acima da média); e tem um património histórico, herdeiro de várias culturas que por aqui passaram, de fenícios e romanos ao império britânico, sem esquecer a Ordem de Malta (Cavaleiros Hospitalários) ainda hoje intimamente ligada ao imaginário do país-arquipélago. Não deixamos a Europa sem referir a vizinha Espanha, que nas ilhas Canárias tem temperaturas de Outubro a rondar os 24º: Tenerife, Lanzarote ou La Palma são algumas das ilhas onde o Verão mais do que transcende a sua estação.
E, no continente, o Outono (com a Primavera) é a melhor estação para visitar a Andaluzia, o caldeirão fervente do nosso vizinho: com as temperaturas no Verão a ultrapassarem constantemente os 40º, o Outubro, por exemplo, é mês onde as temperaturas ficam perto dos 30º, altas é certo, mas mesmo assim muito mais simpáticas para descobrir o património desta região-encruzilhada, onde a cultura árabe está viva.
