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    Casa Alves DR/Círculo de Lojas de Carácter e Tradição de Lisboa
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Mercearia histórica luta pela sobrevivência com a ajuda de Catarina Portas

Por Alexandra Prado Coelho

A histórica mercearia Casa Alves, em Alfama, Lisboa, fez uma parceria com a loja A Vida Portuguesa e tem três meses para tentar evitar o encerramento.

Preocupada com o anunciado desaparecimento de mais uma mercearia histórica, Catarina Portas propôs aos proprietários da Casa Alves, na Rua São João da Praça nº 112, em Alfama, Lisboa, uma parceria com a sua loja, que passa por colocar na velhinha mercearia, nascida em 1957, produtos de A Vida Portuguesa à consignação.

Trata-se, explicou Catarina Portas num post na sua página de Facebook, de “uma escolha de produtos que possam completar a oferta [da Casa Alves], atraindo os estrangeiros que se estão a instalar no bairro […] sem nunca desvirtuar o espírito de mercearia”. A ideia é, com este apoio, tentar perceber se a Casa Alves “consegue facturar o suficiente para poder pagar uma nova renda actualizada (e, claro, certamente influenciada pela pressão turística) ”.

Catarina conta que no dia 1 de Março uma equipa d’A Vida Portuguesa instalou-se durante a tarde e parte da noite na mercearia “e, entre caixotes e escadotes, arrumou, arrumou, arrumou”. Assim, durante os próximos três meses vai ser possível comprar produtos d’A Vida Portuguesa, para além dos habituais da Casa Alves. É o tempo necessário para “perceber se esta ideia funciona e para sensibilizar os senhorios”.

Para já, passaram-se apenas dez dias, mas, disse ao PÚBLICO, José Luís Alves, o proprietário, já se nota alguma mudança. “As pessoas passam na rua, vêem os produtos e, como são coisas nacionais, como as conservas, puxam mais pelo interesse”, explica, confirmando que tem vendido um pouco mais.

Os problemas da mercearia de Alfama começaram há já algum tempo em grande parte por causa da concorrência da grande distribuição, explica a empresária no Facebook. “E, à medida que Alfama foi perdendo habitantes, os fregueses foram diminuindo ao mesmo ritmo que as prateleiras se foram esvaziando”. Hoje é “a última mercearia da rua” graças, escreve Catarina Portas, ao sr. Zé Luís que, com a ajuda da filha Carina, “nunca desistiu”.

José Luís conta que a casa está na família há perto de 60 anos, primeiro com o seu pai e depois com ele há já três décadas. No entanto, sabe que é muito mais antiga. “Ainda tenho aqui um recibo com a data de 1917, do proprietário anterior, que depois passou a loja ao meu pai”. As coisas começaram a tornar-se mais difíceis “com a crise, como aconteceu com toda a gente”.

Mas o golpe fatal surgiu com a venda do prédio e a decisão do novo senhorio de fazer obras profundas e, ao abrigo da nova lei das rendas, enviar uma ordem de despejo. “O novo proprietário deu-nos até meados de Julho para sairmos”, conta José Luís, explicando que não lhes foi apresentada nenhuma alternativa.

Foi nessa altura que Catarina conheceu Carina Alves, que lhe contou a história e disse que muitos turistas entravam na mercearia “mas apenas para tirar fotografias, por vezes lá compravam uma Pasta Couto ou um pacote de bolachas”. Dessa conversa surgiu a ideia de tentar uma parceria com A Vida Portuguesa. “Não sei como é que isto vai terminar”, diz José Luís Alves quando lhe perguntamos quais são as suas expectativas. “Mas vou fazer o que for possível. Quero que a loja se mantenha.”

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