Fugas - dicas dos leitores

São Petersburgo: Pedro na cidade de Pedro, O Grande

Por José Serpa

Era ainda de manhãzinha quando despertei do sono na carruagem que me levava de Helsínquia a São Petersburgo.

Comecei por deixar a mochila para trás e palmilhar os quase cinco quilómetros da Nevski Prospect, a avenida principal. Percorrida constantemente por milhares de pessoas, está repleta de restaurantes, hotéis, lojas e de edifícios que nos obrigam a parar, pela sua beleza e sumptuosidade. Aliás se há palavra que define São Petersburgo é justamente esta última. Construída sobre um pântano que precisou de ser drenado pelos inúmeros canais que serpenteiam a cidade, suscita comparações com Veneza ou Amesterdão. Fundada nas margens do rio Neva pelo czar Pedro, O Grande, deu trabalho a milhares de trabalhadores durante vários longos anos, culminando num resultado final impressionante.

O Palácio de Peterhof, também conhecido como Versalhes russo é um magnífico edifício, com jardins repletos de estátuas douradas e cascatas de água. No interior, como não podia deixar de ser, o luxo é avassalador. As mesas de jantar ainda postas com louça e pratas do tempo do último czar, Romanov, como que nos convidam a sentar.

No Hermitage ou Palácio de Inverno, construído há quase trezentos anos e hoje transformado em museu, milhares de obras de Van Gogh, Da Vinci, Rembrandt entre outros, desfilam diante dos nossos olhos. 

A Catedral de Nosso Salvador do Sangue Derramado é outra maravilha da cidade. Com uma arquitectura bem vincada ao estilo russo, faz com que as torres coloridas decoradas com ouro e pedras preciosas, sejam imensamente fotografadas.

O Palácio de Catarina, a imperatriz, com as suas fachadas de azul-turquesa, é outro local imperdível. Os tectos em talha dourada, os pisos em mármore, os veludos dos cortinados e o mobiliário requintado, fazem-nos transportar até aos banquetes e festas de outros tempos.

A tradução de russo para inglês dos preços afixados nestes locais implica invariavelmente um aumento do valor dos bilhetes para os turistas. Que são ainda mais inflacionados para quem pretende tirar fotografias.

A linha de metro é bem profunda, precisando de dois minutos de escadas rolantes para lá chegarmos. As estações são bonitas, antigas e a única sinalética informativa é em cirílico, o alfabeto local. Neste aspecto a cidade é pouco amiga do turista. São difíceis encontrar mapas e raramente a informação nas ruas, estações de autocarro ou metro está em bilingue. Para chegar aos palácios que se encontram nos arredores da cidade, há que consultar a internet e memorizar as dicas para lá chegar, pois caso contrário é difícil saber que comboio ou autocarro apanhar ou que estação de metro utilizar.

Contudo as pessoas são muito simpáticas e cooperantes. Ainda não estão ocidentalizadas, na medida em que quando as abordamos, não viram a cara com receio do estranho, como vai acontecendo noutras longitudes.

É impossível não se gostar de São Petersburgo. Raramente termino uma viagem com desejo de regressar. Pois a ânsia de conhecer novos locais é mais forte. Mas isso não se aplica a São Petersburgo. Apetece-me voltar. Ver de novo todo o seu esplendor.

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