Fugas - dicas dos leitores

"One,Two,Three...Viva l'Algérie"

Por Paulo Santos (Guarda)

No início de 2010 parti em direcção a Argel, a capital da República Popular e Democrática da Argélia, para uma estadia com a duração de 6 meses (uma aventura proporcionada pelo programa de estágios internacionais INOV Contacto). Apesar de todas as más referências que me iam dando, aqui e ali, sobre o país, não era o medo que me enchia o pensamento. Era, antes, uma vontade enorme de ir à descoberta.

E, embora tenha partido num contexto de trabalho, aproveitei todos os momentos que pude, para explorar esse país 25 vezes maior que Portugal. Quando regressei, trazia na bagagem um país feito de mar, montanhas, neve e deserto.

Argel, a antiga "Paris da África", é a capital do país. Vive de mãos dadas com a confusão e o caos, gerados pelos 3 milhões de pessoas que a habitam. Conserva ainda algum charme e a riqueza arquitectónica e urbanística de antigamente, heranças deixadas pelos franceses. Em Tipaza, os romanos ergueram uma cidade à beira-mar, que se estende por vários quilómetros ao longo da costa. História em estado bruto, desde sempre. Oran, a segunda cidade mais importante do país (ocupada por espanhóis, turcos e franceses), exibe a basílica da Notre-Dame de Santa Cruz em destaque no cimo do monte, de onde observa a baía da cidade.

Tamanrasset, a cidade mais a Sul do país, foi o ponto de partida de uma viagem pelo deserto, com direito a uma noite ao relento e uma noite no abrigo de montanha do Assekrem, o ponto mais alto da cadeia montanhosa do Hoggar. Em Setif descobri "Lisboa", um restaurante de uma portuguesa casada com um argelino. Sinta-se cá dentro, lá fora. Tal e qual. Não muito longe de Setif ficam as ruínas romanas de Djémila (em árabe, a bela). 42 hectares de História, Arquitectura e Beleza. Património da Humanidade, a cidade é um importante testemunho de urbanismo romano adaptado a um local montanhoso.

Ghardaïa, uma das cinco cidades fortificadas (conhecidas como Pentapolis), fundadas pelos seguidores do Ibadismo (uma corrente purista do Islão), situa-se no Vale do M'Zab, em pleno Sahara. O conjunto está registado como Património da UNESCO. Em Béjaïa encontrei, na praça central da cidade, um busto de homenagem a Manuel Teixeira Gomes, um antigo presidente da República português que, depois de se reformar, viveu naquela cidade até morrer. Constantine, a terceira cidade mais importante, está rodeada de penhascos e escarpas que tornam a paisagem um verdadeiro espectáculo. Pontes e viadutos atravessam o abismo e as construções debruçam-se sobre o vazio, em jeito de desafio. Um dos edifícios da Universidade de Constantine foi projectado pelo arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer.

Numa visita à montanha de Chréa descobri encostas verdes que no Inverno dão lugar à neve e aos esquis. Em Annaba visitei a basílica de São Agostinho, uma igreja ainda em actividade. A última viagem foi a Timimoun, no Sahara, entre camelos, um sol de 47 graus, almoços em óasis e chá à sombra das palmeiras.

Argélia. É ver para crer.

Toda a história em: www.missaoargelia.blogspot.com

--%>