Se alguém me perguntasse onde deveria ficar em Buenos Aires não hesitaria em aconselhar o Bairro de San Telmo, entre La Boca e a Avenida 9 de Julho. Daqui pode ir-se a pé para todos os sítios interessantes da cidade. Este bairro de casas de início de século foi, em tempos, onde os artistas viviam, onde as casas de Tango se amontoavam e, onde a história das ruas esconde muitos amores. Tem pequenos restaurantes acolhedores, lojas de antiguidades e artesãos nas ruas. Varandas que dão para os jardins e onde se pode ver dançarem o Tango.
O ar é vermelho e preto. Entre a paixão e a dor. Nada é neutro. Ou se sente tudo ou não se sente. Os vinhos argentinos são quentes e aveludados. Tal como o ambiente que se vive na maioria dos locais desta capital da América Latina. A influência de um Paris de outros tempos é tão marcada que às vezes, esperava ouvir falar francês. Parece que a Evita Péron ainda vive por ali, ao virar de uma esquina qualquer ou que, Gardel está num clube qualquer e, que a sedução da cidade se mistura com a sedução de cada um. É com um sabor aveludado que se deixa Buenos Aires para se ir para a Patagónia. Passa-se do calor do vermelho para o Pólo Sul frio, gélido e branco.
O avião começa a sobrevoar montanhas geladas, para aterrar nas margens de um lago azul imaculado, alimentado pelo Glaciar de Perito Moreno. Contudo a serenidade que o ar fresco deixa antever é uma qualidade a aproveitar em terras do Sul. E claro que a magnificência do Glaciar é imperdível. São 60 metros de gelo maciço que se estendem por 15 Kms. A viagem de barco deixa o corpo gelado pela proximidade daquele gelo. De um lado o sol e o calor, do outro o gelo, as nuvens e o frio.
São contrastes que se admiram demoradamente. Aqui não é a cultura nem as pessoas que surpreendem, mas sim a cor do dia, do vento e do gelo. E foi depois disto que subi para o Norte. Património Mundial a Quebrada de Humahuaca é encantadora. Já não se ouve o Tango, nem se sente o gelo. No norte da Argentina, o dia é quente e, as noites muito frias, mesmo no verão. Fiquei em Tilcara que fica mesmo no meio desta quebrada andina, onde se podem visitar as ruínas da Pucará, a vila de Humamhuaca, a Paleta do Pintor em Purmamarca e as Salinas Grandes, pela Nacional 40.