Fugas - dicas dos leitores

José Alberto Henriques

Na Capadócia das aldeias trogloditas

Por José Alberto Henriques, Fátima Pereira

Istambul, claro! A escolha foi fácil de fazer para estas mini férias da Páscoa. Há muito que a antiga cidade de Constantinopla que beija a Europa e a Ásia, por entre o Bósforo, um estreito que liga o Mar Negro ao Mar Mármara e que marca o limite desses dois continentes na Turquia, nos encanta.

Pouco tempo ouve para cheirar os infinitos aromas no Mercado das Especiarias ou deambular no labiríntico Grande Bazar, olhar nos olhos claros desse povo simpático e comunicativo. Mas ouve tempo para visitar a larga e comprida praça Sultanahmet, que percorremos de um lado ao outro, da Mesquita Azul, única entre todas as mesquitas otomanas, à magnífica Basílica de Santa Sofia. Pouco mais deu para ver na cidade com cerca de 15 milhões de habitantes.

O caminho estava destinado à região da Capadócia, limitada pelos Montes Tauro a sul, o grande Lago Salgado a leste, o rio Eufrates a oeste, e o Mar Negro a norte, uma área que já foi persa e romana. A curiosidade era muita nessa zona da Anatólia, sabíamos que ia-mos ver formações geológicas únicas, resultado de fenómenos vulcânicos e da erosão, onde a natureza esculpiu uma fantástica e quase sobrenatural paisagem há mais de 60 milhões de anos. O seu epicentro, situado a 1.100 metros sobre o nível do mar, encontra-se no Parque Nacional de Göreme (Göreme Açik Hava Müzesi - Museu ao Ar Livre). Ficámos petrificados com o que os nossos olhos viam.

Entrámos em inúmeras habitações e igrejas rupestres dos séculos X e XI escavadas na rocha, muitas destas decoradas com esplêndidos frescos, tais como a de Santa Bárbara, a das Sandálias e a da Serpente, e a capela de São Basílio. Visitamos também aldeias trogloditas subterrâneas (Uçhisar e Özkonak). Subimos e descemos por canais estreitos e baixos, num rodopiar constante e deslumbrante.

Já com a luz do sol avistámos as Chaminés de Fada, coroadas de rochas basálticas que despontam sobre uma paisagem quase imaginária e que caracteriza essa região, parecia que estávamos num outro planeta que muda de tonalidades ao longo do dia. Estas cidades-refúgios debaixo da terra, que podem atingir entre 40 a 60 metros de profundidade, serviram de esconderijo para o culto do cristianismo até aos finais do século VII.

Já de regresso a terras lusas, o desejo ficou mais uma vez dito: temos que voltar a Istambul, claro! Ficará para uma outra oportunidade...

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