País de montanhas, fiordes, túneis, lagos, glaciares, casas de madeira, cidades do tamanho das pessoas que nelas habitam e de pistas de esqui. Espaços atravessados por carros, ferries e rebanhos em quantidades variáveis, de acordo com as coordenadas geográficas de um país imenso. Florestas e quedas de água em doses abundantes. E aqui e além uma igreja de madeira por fora e por dentro e mais raramente uma igreja viking, revestida esta última por madeira escura e encimada por dragões, a lembrarem os barcos dos aventureiros daquelas paragens.
Acrescentar a isto o ingrediente que vai dar corpo ao país, à medida que as centenas de quilómetros são percorridas de autocarro, sem se dar conta - a música. Então, a escolha foi esta:
Enya várias vezes, ao longo das estradas estreitas que se percorrem em marcha lenta (há que respeitar o ritmo dos animais que às vezes se cruzam no caminho, rebanhos vários, e que ditam o retomar da travessia) nas margens dos lagos e dos fiordes; Enya de Watermark, Shepherd Moons e The Celts;
Mark Knopfler a solo ou com os Dire Straits (q.b.), quando se quer manter bem desperto o grupo para que olhe sempre através da janela, porque a Noruega está lá fora sempre; se for a solo, então aposte-se em temas de Local Hero e Call;
Música celta, para o topo das montanhas, que ora se sobem, ora se descem, em ziguezagues de estradas que se confundem com as cores das encostas e que se escondem sob a neblina que pousa lá mais no alto; também porque é a música que emoldura os picos ainda nevados em pleno Agosto e as florestas que nos acompanham durante tanta distância;
Richard Wagner, com A cavalgada das valquírias, para criar uma atmosfera carregada de expectativas e receios, quando se trata de percorrer uma estradinha a descer, com curvas e contracurvas de um ângulo diminuto, exigindo uma grande mestria do condutor, mas sempre, sempre a descer muito; depois, fazer coincidir o auge da cavalgada com o deslumbramento de um vale que aparece e como que amanhece a meio da tarde, porque se veio lá de cima, do topo da montanha com neblina e se chega a um vale luminoso, onde se adivinham o som e a frescura da água do rio;
E Peer Gynt, por Edvard Grieg, que musicou o texto de Henrik Ibsen; foi quando passámos perto da casa de Peder Günt, em Vinstra; a casa serviu de inspiração a Ibsen; sobretudo a ouvir Morning, In the Hall of the Mountain King e Solveig`s song.
Esta receita é da M., a nossa guia espanhola de Madrid, que amava a Noruega. Todas as suas informações, indicações e sugestões surgiam sob a forma de uma longa declaração de amor a um país que tomou como seu desde sempre.
Para finalizar, um toque pessoal: polvilhar com os sons de Jan Garbarek, com In Praise of Dreams...