Fugas - dicas dos leitores

  • San Antonio Aguas Calientes
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  • Chichicastenango
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Tesouros da Guatemala

Por Maria Clara Costa

Quando, em 1996, visitei o México, recordo que em San Cristóbal de las Casas o guia referiu que esta cidade já tinha pertencido à Guatemala e que para lá das montanhas que avistávamos ficava aquele país, em guerra civil há 36 anos.

Imaginei o terror do lado de lá, ali tão perto de nós a desfrutarmos de paisagens maravilhosas, monumentos e parques arqueológicos fabulosos, num clima colorido, acolhedor e de alegria contagiante. A imagem que construí da Guatemala perseguiu-me até 2008, quando constatei, in loco, que a guerra tinha terminado exactamente em 1996.

Encontrei um país já sem vestígios dessa calamidade, com belíssimos hotéis e uma vasta oferta de património histórico, arqueológico e paisagístico. A Fugas de 12 de Novembro, através da reportagem de Filipe Morato Gomes, despertou em mim a vontade de relatar o que vi e senti neste país que está a apostar no turismo mas, tal como comenta a Sandra Silva Costa, não é dos países com melhor reputação na América Central. E nós comprovámo-lo em Chichicastenango... Contudo, se usarmos de todas as cautelas, podemos desfrutar do muito que ele tem para nos oferecer. Esta cidade ficou bem registada na lembrança também pela amálgama de cores berrantes dos trajes maia, do artesanato, do mercado e da Igreja de Santo Tomás.

E depois o lago Atitlán, considerado um dos mais belos do mundo e onde o povo acredita que os maias lavaram a alma e se despiram dos seus pecados. Pernoitámos na sua margem e isso permitiu-nos contemplá-lo na quietude do jardim do hotel, por entre estatuetas e canteiros de viçosas e coloridas flores. Saborear ao fim da tarde o cenário de um lago azul, sereno, com dois vulcões a saírem-lhe das entranhas, ver o pôr do sol, seus reflexos de carmim entre as nuvens a projectarem-se na água, navegar entre os vulcões Tolimán e San Pedro para chegar a Santiago de Atitlán, são inesquecíveis momentos de magia.

Seguimos para Antigua, património cultural da humanidade. Esta cidade colonial, devido a um terramoto ocorrido em 1773, parou o seu crescimento e os seus habitantes mudaram-se para a Nova Guatemala de Assunção (cidade de Guatemala). Deambulámos pelas suas ruas, oásis de paz e tranquilidade, visitámos ruínas de conventos, catedrais e igrejas. Nos arredores, percorremos uma fazenda de café e ficámos a conhecer o trajecto da saborosa bebida desde a planta até à chávena.

E eis-nos em Tikal, cidade pré-colombiana, construída no período clássico dos maias e embrenhada na selva tropical. Possui as construções mais altas da cultura maia e calcula-se que, no seu apogeu, mais de 10.000 pessoas a habitaram, sendo nesse período a cidade mais importante da América Central. Observar templos, palácios e pedras cuja história nos remete à remota civilização, conhecer o seu modo de vida, cultos, crenças e lendas, subir ao topo das pirâmides, admirar a paisagem das alturas e ver monumentos a emergirem de um verde luminoso, parecendo navegarem na selva como se de mar se tratasse, é uma emoção que frequentemente me abre, de par em par, a janela da Guatemala.

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