Fugas - dicas dos leitores

Na sala com «O Homem Andando»

Por Margarida Ramos

Há cerca de oito anos li numa revista de viagens um artigo sobre o museu Louisiana. Lembro-me de pensar, sentada no sofá da sala, que era capaz de largar tudo para ir ver «O Homem Andando», do Giacometti.

Não larguei. Não fui. Passaram-se anos e esqueci onde ele estava, naquele canto do museu com uma janela enorme de onde se via um jardim de Inverno, branco, coberto de neve.

Na Primavera cheguei à cidade. Horizontal, limpa, livre e ecológica. É a cidade com melhor qualidade de vida do planeta e a capital mais feliz da Europa!

O príncipe dinamarquês Hamlet diz "Ser ou não ser?". Em Copenhaga não se põe essa questão. Saudável, harmoniosa, homogénea, a capital do design, do bom gosto e das bicicletas, vive sem stress, trabalhando das 10h às 16h num contacto permanente com a água, o sol, a luz e a natureza.

Em nenhuma cidade da Europa vi tantos jovens a apanhar sol nas ruas, nos jardins e nas esplanadas e a comer as famosas "sandes abertas". São todos loiros, magros e parecem alegres a comemorar os longos dias cheios de luz.

Numa tarde de sol chegamos ao Louisiana Museum of Modern Kunst, nas margens de Oresud, um enorme museu com jardins cheios de esculturas de Henry Moore. No horizonte a costa da Suécia, lá dentro o século XX - Picasso, Bacon, Warhol, Kline, Calder, Rotho... De repente, lá estava ele, ao canto, silencioso, só, «O Homem Andando», do Giacometti, o grande símbolo da condição humana. Nem queria acreditar que estava na mesma sala com ele! "L’ Homme qui Marche". Agora com a vista de um jardim na Primavera onde apetece sentar na relva, debaixo das árvores e sentir a brisa correr porque afinal, como dizia Fernando Pessoa, "a melhor maneira de viajar é sentir…".

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