Fugas - dicas dos leitores

Cholet, mais do que um acidente de percurso

Por Isabel Olivença

Mesmo com conhecimento e experiência, não conseguimos controlar todos os planos e passos da nossa vida. Os acidentes, os acasos, os dilemas, podem surgir quando menos se espera e provocam sentimentos de incerteza, insegurança e receio perante o inesperado, o desconhecido ou o indesejado.

Viajamos para sentir prazer e não queremos que qualquer dor ou factor de sofrimento perturbe a nossa viagem. No entanto, uma viagem não é inteiramente previsível, por mais que estejamos convencidos que a planeámos, estudámos e tomámos rigorosas medidas de segurança.

A cidade de Cholet, na região francesa do Pays de Loire, foi um acidente de percurso. Nem estava sequer no nosso trajecto, quanto mais no destino. Uma avaria no distribuidor do automóvel deixou-nos sem dinheiro e sem tempo para terminar a viagem que tinha como destino a Bretanha. Durante três dias ficámos retidos em Cholet, mas em vez de ficarmos irritados, resolvemos conhecer bem a cidade - as ruas, as praças, as igrejas, os jardins e o Museu de Arte e de História. Foi aqui que passámos um dos três dias.

No coração de Cholet, este museu, com uma arquitetura contemporânea e com 3000 m2 de vastos e luminosos espaços, propõe a descoberta de uma colecção excepcional de esculturas, pinturas e objectos testemunhos da História de França.

A galeria de arte apresenta um percurso da pintura desde o século XVI até aos nossos dias. As primeiras salas ilustram os principais géneros da pintura académica: histórica, mitológica, religiosa, naturalista ou o retrato. Neste género, pintores como Jean-Honoré Fragonard e Jean-Marc Nattier estão amplamente representados. No panorama da pintura e escultura do século XX, de estilo abstracto, geométrico e até cubista, sobressaem as obras de Victor Vasarely, Auguste Herbin, Aurélie Nemours, Jean Gorin e François Morellet.

Um acidente de percurso que se transformou numa agradável estadia numa cidade francesa, cujos habitantes em Agosto partem para parte incerta ou certamente para as praias... Por isso, não se irrite. Ria-se de si, dos outros, dos acontecimentos, por mais funestos que lhe pareçam; encare com humor as dificuldades, transforme-as em desafios e verá que as vai resolvendo.

Se viajar com prazos limitados e se levar crianças nunca, mas nunca, se esqueça do cartão de crédito e do seguro ou carta de saúde internacional.

Comunique com as pessoas com afabilidade, sem deixar de ser assertivo com os seus interlocutores. Pergunte. Agradeça. Sorria. Nunca desista.

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