Puro engano, porque visitei algumas cidades (Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Cuiabá, São Luís, Alcântara) e todas me encantaram, todas diferentes, mas com algo mágico em comum nas paisagens, no ar que se respira, nos aromas e sabores, na diversidade cultural, na música e ainda na alegria contagiosa de muita gente e especialmente dos amigos que nos receberam em Teresópolis, onde pudemos contemplar de muito perto a mística formação rochosa conhecida como Dedo de Deus.
Neste vasto país, com frequência temos a sensação de que estamos num qualquer local da nossa terra, especialmente perante algumas igrejas, palácios, teatros, com a mesma arquitectura, o mesmo enquadramento. Em São Luís do Maranhão, os mesmos azulejos e varandas de ferro. Esta cidade, criada pelos franceses e reconhecida como Património da Humanidade, assinala este ano os 400 anos da sua fundação e o seu legado português está ainda bem visível.
A aventura começou exactamente aqui. Deixámos São Luís em pequenos monomotores rumo a Barreirinhas, sobrevoando os Lençóis Maranhenses e faltam-nos palavras para descrevermos o que os nossos olhos viram. Não era miragem, era uma tela pintada, uma visão lunar que requeria uma paragem para se saborear e fotografar aqueles milhares de hectares de dunas entremeadas por lagos de águas cristalinas.
A partir de Barreirinhas, e até ao destino final, Fortaleza, o nosso transporte passou a ser uma caravana de nove jeeps. Começámos pelo Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Sentimos a sua areia, não à distância, mas debaixo dos nossos pés, caminhando nas suas dunas e tomando banho nas mornas águas a espelharem o azul do céu. Fechámos em beleza a nossa aventura entre os lençóis, quando, no cimo de uma duna, assistimos ao pôr do sol que incendiou o horizonte com laivos de carmim.
Partimos para Jericoacoara e, até chegarmos, a nossa caravana atravessou rios a vau, em balsas, passou toscas pontes de madeira à exacta medida do rodado dos veículos, desceu vertiginosas dunas, atravessou aldeias onde as casas não têm portadas nas janelas, nem portas, as ruas não são asfaltadas, mas limpas, e as gentes e os animais vagueiam, calma e silenciosamente, sob um sol escaldante.
Chegados a Jericoacoara, depois do desatolamento de um jeep à luz do luar, encontrámos um paraíso ecológico com boa praia, bom alojamento e comida, simpatia e... mais um deslumbrante pôr do sol.
Após merecido descanso, partimos para Fortaleza, continuando a aventura, onde não faltou a partilha da estrada com animais de grande porte.
Fortaleza tem seu encanto, pois, para além de um clima agradável, que permitiu simpáticos passeios nocturnos à beira-mar, tem um património histórico importante que muito apreciámos, nomeadamente o Teatro José de Alencar, a Catedral Metropolitana e o Centro Cultural Dragão do Mar.
E foi com emoção que, ao terminar a nossa aventura, dissemos: "Adeus Brasil, um dia voltaremos!"