Fugas - dicas dos leitores

Jardim Botânico

Jardim Botânico Adriano Miranda

Três dias, duas noites em Coimbra

Por Augusto Küttner de Magalhães

Qualquer cidade, grande ou não, conhece-se e sente-se, a andar. Foi o que também fizemos em Coimbra.
A zona da Universidade e envolvente continua com a sua história, se bem que hoje, Coimbra, ainda fazendo muita questão nos doutores e professores e nos fatos com gravata, deixou de ter o privilégio único de ser o pólo do ensino e da ciência, da investigação e da leitura do nosso país. E ainda bem. Hoje Portugal ensina, investiga, produz conhecimento de Norte a Sul.

Mas Coimbra sem estudantes neste final de Junho de 2012 ainda mantém as suas especificidades, as suas belezas e merece, sempre, ser visitada, vivida, sentida.

Toda a cidade universitária tem o seu encanto e beleza. Dá para pensar se a estátua que lá vemos a D. João III não será mais a de um dos "gastadores" típicos do nosso país. Quando nos entra dinheiro porta adentro. No caso foi o ouro do Brasil, que foi gasto a fazer o Convento de Mafra, o Aqueduto das Águas Livres e mais uma série de obras de fachada, para além de festas e festarolas à grande e francesa! E depois tudo faliu!

Bem, continuando em Coimbra: o Jardim Botânico, que nos parece fazer estar em contacto com a vegetação desprovida de automóveis e outras máquinas. Só vegetação, plantas, árvores e algumas pessoas, fora da civilização que, sendo excelente, nos desumanizou.

As ruas típicas estreitam. Gente nova e velha, tudo junto sem preconceitos.

Não se pode visitar o Museu de Machado de Castro, ao que nos disseram por as peças, talvez já restauradas, ainda lá não estarem. Depreendemos, ninguém nos disse, que, face a estes tempos, nunca mais haverá museu a visitar! Esperemos estar enganados.

Gente simpática nas ruas, bastantes estrangeiros, dois grupos de israelitas no hotel. Cansados, dormimos bem.

Pela manhã, rumo ao Convento de Santa-Clara-a-Nova.

Naquele, aproveitando um grupo de turistas espanhóis, relembrámos a História de Portugal que há décadas nos foi contada sempre do modo como nesse tempo queriam, hoje querem como também lhes dá jeito, faz-se a bissectriz e fica meio por meio.

Bem, aproveitámos uma guia portuguesa, que evidentemente, e bem, defendeu a portugalidade. Mais abaixo o Portugal dos Pequenitos: minha mulher a chegar aos 60 anos, eu já passei, mas ainda não nos 65, pagámos as entradas mais caras. Um pouco exagerado, mesmo que possa ser para ajudar a Fundação Bissaya Barreto, dado que tudo está um pouco menos bem conservado e parou no tempo, apesar de ter espaço para crescer, ao tempo. Minha mulher recordou a visita na infância; eu, julgo que foi a primeira vez que visitei este espaço.

A Quinta das Lágrimas um pouco adiante, com a fonte e um verso d' Os Lusíadas de Camões, um espaço agradável, com vegetação e água! E História, Pedro e Inês!

Mais adiante atravessa-se a ponte pedonal. Uma boa forma de, sem poluição e fazendo exercício físico, se atravessar o Mondego. Ponte bonita, que talvez devesse ter sido feita de forma mais económica, não numa faixa tão alargada do rio: fomos ricos, uma vez mais, quando o fizemos, hoje, estamos a caminho de voltar a falir! Nunca poupamos quando devemos.

Bonito estar em Coimbra! Vale nunca perder estes locais, "cá dentro", nossos. E abri-los ao mundo, não como relíquias, mas como um caminho entre o passado e o presente, a caminho do futuro. Com História!

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