Não foi fácil e só através de Espanha foi possível. Em Madrid juntámo-nos a dois casais espanhóis e dali partimos para a célebre Taprobana, ex-Ceilão.
Apesar do aparato bélico encontrado e do exaustivo controlo das forças de segurança, a viagem decorreu na maior tranquilidade, deslumbrando-nos com as suas paisagens, património histórico, arqueológico e religioso.
Aterrámos em Colombo e ficámos instalados num hotel fantástico, numa vasta propriedade bem guardada por seguranças armados. Na altura eram os hotéis e os templos os alvos preferidos dos bombistas.
Seguimos viagem por boas estradas ladeadas de árvores-da-borracha, palmeiras, coqueiros, arrozais e densa vegetação dum verde luxuriante. Admirámos a fartura de frutos, legumes e peixe seco à venda nos vários mercados.
O primeiro contacto com o budismo foi em Anuradhapura. É emocionante a aproximação da Grande Stupa, circundada por figuras de elefantes em forma de muro. Pararmos sob a árvore sagrada Bo, a mais antiga do planeta e trazida da Índia pela princesa Sanghamitta, monja budista, foi um privilégio que nos remeteu ao silêncio e emoção.
Seguimos para Habarana onde passeámos de elefante e a adrenalina disparou quando entra num lago e o atravessa com a água pelas orelhas, tendo nós de levantar os pés por motivos óbvios. Também "amarinhá-lo", agarradas a uma corda, para nos sentarmos em seu dorso, foi uma proeza inesquecível.
Subir a fortaleza-cidadela de Sigiriya, uma gigantesca rocha que se eleva a 200 metros sobre a selva e guarda nos seus muros os famosos frescos de lindas donzelas, não é tarefa fácil mas fomos compensadas por uma paisagem deslumbrante, para além do privilégio de nos sentarmos no trono de Kassapa, rei parricida, que ali se protegeu do legítimo herdeiro, seu meio irmão.
E eis-nos no Dambulla, ou templo da gruta dourada. Aqui apreciámos as pinturas nos tectos e paredes da gruta e as imensas e coloridas imagens de Buda, nas mais variadas posturas. A seguir, Gal Vihara presenteou-nos com um conjunto de imagens esculpidas num bloco de granito, entre as quais o Buda deitado com 15 metros de comprimento. Ele expressa a calma de nirvana e transmite-nos uma incrível sensação de paz e bem-estar.
Em Kandy, capital cultural e considerada o berço do budismo, entrámos no Templo Dalada Maligawa onde se encontra a Shrine que guarda o dente sagrado do Buda. Não há palavras que descrevam a emoção sentida neste ambiente de fé e veneração.
Também o jardim botânico nos proporcionou momentos imperdíveis, como vermos cobras e escorpiões a emergirem da terra ali à nossa beira e o voo das aves de rapina à procura de alimento entre bandos de morcegos pendurados nas árvores como se de frutos se tratasse. Tudo isto entre frondosas árvores e uma arquitectura paisagística fabulosa.
Nuwara Eliya não podia faltar no itinerário para se sentir o cheiro duma plantação de chá e acompanhar na fábrica todo o processamento até à sua embalagem.
Um safari de jipe no habitat dos elefantes também foi um dos pontos altos pois, para além do contacto com a natureza, apercebemo-nos de pormenores que nos escapam numa tela. E as Vacas? E os simpáticos macacos que nos divertiram em toda a viagem? Era imperdoável não os referir.
Regressámos a Colombo, passando por Galle, com vista para a ilha onde em 1518 os portugueses desembarcaram e ainda são recordados por gente muito amável e simpática com apelidos Silva, Oliveira, etc.
Sri Lanka foi, e por certo continuará a ser, "um país que a retina regista e a alma absorve".