Uma premissa simples não muito posta em prática pelas terras de Timor Loro Sae: fazer a viagem Díli-Baucau não num grande 4x4, isolado e um tanto asséptico nas suas portas e janelas, mas sim em conjunto com o vento, a terra e o pó. Ou seja, de mota. São 122 quilómetros que os buracos e as frequentes lacunas de estrada raramente deixam fazer em menos de três horas.
Não obstante esta peculiar relação distância-tempo, e não querendo entrar em lugares comuns, o que importa neste caso não é só o destino, mas também, e principalmente, a viagem, sobre a qual me debruçarei - o destino fica para um outro dia.
Uma viagem onde o vento sacode e ensurdece, o pó rodopia e mancha, a estrada faz saltar a cada duzentos metros: sem nunca se desvanecer o deleite da vertigem na rapidez e o conforto de quase se tocar o mar que acompanha a vista ao longo do caminho. (Não desfazendo os saborosos interstícios de prados e vales recheados de campos de arroz e búfalos pachorrentos chapinhando pelos lamaçais.)
Pelo asfalto se fazem companheiros de viagem, os demais transeuntes que já conhecem o caminho e vão adiantando os buracos e lombas do adiante. Pelo asfalto se pode parar para pedir indicações ou descansar nos restaurantes de palhota com grelhados de carnes nunca antes vistas, entre peixes e frutos do mar outros. Tudo é rústico (para manter o tom romântico e não recorrer ao pobre) mas os sorrisos estão sempre por perto.
Note-se que Santo António, mesmo não tendo sido eleito o tradicional padroeiro de quem viaja, também se faz sentir pelo caminho, envolto em água de fonte e no que mais se pode assemelhar a uma estação de serviço, perdida algures pelo que será o meio do caminho.
Uma dica que aqui fica para quem se queira aventurar por estas terras do sol nascente de forma alternativa e segura. Até porque o aluguer de motas capazes é possível e o preço do mesmo mais módico que o do tradicinal jeep para todos os terrenos.
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