Fugas - dicas dos leitores

Key West, ilha-chave dos mitos americanos

Por Pedro Mota Curto

Viagem à lendária Key West, pequena ilha nos EUA recheada de histórias, por onde navegam memórias de Hemingway e John dos Passos. E "onde desembarcar proporciona uma sensação de calor tropical associada a um passado épico durante o qual eram os galeões de piratas que frequentavam estas enseadas".

A zona mais meridional dos Estados Unidos da América do Norte é constituída por recifes de coral fossilizado que deram origem a diversas ilhas, algumas delas habitadas. A que se situa mais a sul, a cerca de 250 quilómetros de Miami, denomina-se Key West, sendo um lugar mítico, devido à sua extraordinária localização. Com efeito, Key West está situada entre Miami e Havana, rodeada pelas águas quentes do Golfo do México e a pouca distância de Nassau, capital das Bahamas. 

Existem diversas formas de chegar a Key West, mas as duas mais interessantes serão seguramente por estrada e por mar. Optando pela primeira hipótese, automóveis e autocarros circulam por uma insólita auto-estrada, a Overseas Highway, desde Miami até Key West, alternando a travessia sobre diversas ilhas de coral com infinitas pontes suspensas entre as ilhas nas transparentes águas quentes do Golfo.

Relativamente à via marítima, desembarcar nesta pequena ilha proporciona uma sensação de calor tropical associada a um passado épico durante o qual eram os galeões de piratas que frequentavam estas enseadas. 

Os meses de Dezembro e de Janeiro são os mais frios, pois é Inverno. No entanto, está muito calor, sendo o clima propício a uns belos dias de praia e de mergulho, uma vez que estas águas estão repletas de curiosos e coloridos peixes tropicais. Se o mergulhador permanecer imóvel, será imediatamente rodeado por um cardume de peixes extravagantes e amistosos.

Paradoxalmente, o Verão poderá não ser uma boa altura para visitar esta ilha. As altas temperaturas costumam originar incontroláveis e devastadores furacões que podem ou não passar por Key West, numa torrente avassaladora de chuvas e de ventos, causando grande destruição à sua passagem.

A zona residencial mais pitoresca é constituída por inúmeras casas de madeira construídas essencialmente no século XIX e rodeadas por diversas palmeiras, altas e tendencialmente ondulantes. Temos a sensação que as palmeiras tentam proteger as casas dos habituais e cíclicos furacões. De todas estas casas a mais famosa da ilha foi habitada pelo escritor norte-americano Ernest Hemingway. 

A casa onde viveu entre 1931 e 1940 é hoje a maior atração turística de Key West. Construída em 1851, em estilo colonial espanhol, está perfeitamente recuperada, mobilada com antiguidades e objectos que Hemingway e Pauline trouxeram das suas viagens pelo mundo e pode ser integralmente visitada pelo público. Rodeada por um belo jardim tropical, foi aberta aos visitantes a partir de 1962, como casa-museu. Desde 1968 que é considerada monumento histórico. 

No seu interior destacam-se os objectos pessoais de Ernest Hemingway e no exterior, a piscina (construída em 1937, foi a primeira da ilha) e o anexo onde o escritor se refugiava para escrever algumas das suas obras mais famosas. Neste local redigiu, por exemplo: To Have and Have Not (Ter ou não ter), For Whom the Bell Tolls (Por Quem os Sinos Dobram) e The Fifth Column (A Quinta Coluna).

De referir ainda que o literato que levou Hemingway a descobrir Key West foi John dos Passos (1896-1970). De nacionalidade norte-americana, nascido em Chicago, John Rodrigo Dos Passos era filho de emigrantes portugueses, originários da ilha da Madeira. 

___
A sua viagem
Viaje, descubra, partilhe: cada viajante é o melhor guia de outro e este é o espaço para todas as dicas. Envie-nos as suas recomendações de locais e experiências ou um relato de viagem num texto, acompanhado de uma ou mais fotos, para fugas.dicas@publico.pt. 
As suas contribuições surgirão em destaque nesta página (e nas redes socias da Fugas) e poderão ser comentadas e partilhadas por outros viajantes.

--%>